- Pra mim não há nada melhor que pensar por música- Dizia o pai ao
filho de 14 anos.
Josinaldo, é pai de um adolescente muito inteligente, Cláudio.
Uma família simples como a maioria. Josinaldo, um taxista. A esposa,
auxiliar de serviços gerais de uma escola pública. E Cláudio, um
jovem estudante do nono ano do ensino fundamental.
O patriarca da famĺia, sempre se interessou por fazer de sua casa um
ambiente fértil de conhecimento. Para isso sempre bebia de diversas
fontes literárias, e das mais diversas expressões culturais, dentre
elas a música.
Crescido nesse ambiente, Cláudio desenvolve-se diferenciadamente da
maioria dos jovens de hoje. Seu comportamento, seu gosto musical não
sofre influência do modismo momentâneo, fabricado pelas indústrias
culturais.
- Eu fico imaginando como a
minha geração pode pensar por música, pai. O máximo que
conseguirão concluir é que querem fazer um Tchu tcha tchá- fala o
filho a Josinaldo.
- Meu
filho, desde que me entendo por gente, sempre teve esse tipo de
músicas que toca a todo momento e não nos dizem nada, e as pessoas
ouvem, cantam e dançam sem parar. Mas, nunca foi de uma maneira tão
intensa como está sendo a gora. Nunca presenciei tanto lixo
cultural sendo disparado para a populção. Estamos presenciando o
assassinato de uma geração- Discorreu o pai.
Josinaldo nunca foi um
saudosista, sempre soube contemplar o novo. Por isso mesmo conseguiu
que seu filho o acompanhasse nas preferencias musicais. Ele
apresentou à Cláudio grandes vozes e letristas como Elis Regina,
Chico Buarque, Milton Nascimento, Cazuza, Reanato Russo. E
conheceram juntos grandes musicos contemporâneos como Fernando
Anitelli, Lirinha , Zeca Baleiro e GOG.
- Ah, Cláudio,
você não vê que o Fernando Anitelli diz em uma de suas canções
'A minha TV tá louca, me mandou calar a boca e não tirar a bunda
do sofá',
a TV e todos os grandes meios de comunicação, servem-se ao papel
de ditar o que devemos consumir, falar, dançar, ouvir, é
manipulação pura.
- Eu sei pai, meus amigos
nenhum conhecem o Lirinha, por que não é o tipo de som que as
radios tocam, não é uma atração permanente na televisão-
Completou Claúdio.
Muito atento ao que o
filho falava, Josinaldo indagou:
- E
a escola meu filho, como se comporta diante disso tudo?
- A
escola é uma adolescente desprovida de orientação, é
influênciada pela mídia. E ao invés de produzir cultura e
resgatar as raízes populares, absorve tudo na maior subserviência-
explanou o rapaz.
Na verdade Josinei já previa
a resposta do filho. Em suas visitas à escola de
Cláudio, ele percebeu o
tipo de cultura virgente na escola.
- Vês,
a escola é cumplice desse assassinato. A escola não pode descartar
a bagagem trazida pelo alunos, mas deve traduzí-las em valores
comportamentais e culturais, a partir disso interferindo
qualificadamente gerando novas atitudes, fruto de um novo pensar-
Explicou Josinei.
Sentados na sala ouvindo Maria
Rita, pai e filho desfrutam de um momento de conversa que poucos tem
a oportunidade de ver nas famílias de hoje.
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