quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Música: PRETA



Letra: Vitoriano Bill
Melodia: Wanderley Silva Santos
Interprete: Wanderley Silva Santos



As ruas lotadas de gente dispersa 
Todo mundo na pressa
Sem saber aonde chegar 

Eu olho pra frente 
E nenhuma dessa gente é você 
Não sei mais o que fazer pra ti encontrar

Lembro naquela noite 
Na roda de carimbó 
A saia rodava alto
E nós dois num passo só 
A lua cheia 
E a fogueira 
Foi quem clareou 
O encanto de todo nosso amor. 

No fim da noite 
Você desapareceu 
E sem o toque do tambor 
Todo nosso encanto então se findou 

Preta quero ti encontrar e repetir aquela nossa noite de luar 
Oh preta
Preta Filha do nosso Xingu 
Imagem perfeita esse teu corpo nu 
Mas não sei o que faço para ti encontrar 

Quem dera igual aos meus sonhos possamos dançar juntinhos

Preta
Vago pelas rodas de carimbó 
Tanta cabocla linda 
E eu dançando só

Mas nenhuma se compara com o brilho e a beleza que tu tens
Só o Xingu

Rio de águas verdes meu bem.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

De saco cheio de ilusão


O céu borrado
O rosto molhado de tanto chorar
De lástima em lástima
A pobreza se alastra e a riqueza se concentra, guardada no bolso de poucos.

O céu é o teto do mundo
Mas o ensinamento da regra do jogo diz: “Para ter direito a sombra tem de se sacrificar”
Então como explicar um sem-teto que se mata de tanto trabalhar?

De batalha em batalha
De tostão em tostão
Compramos a ilusão
De que se acreditamos um dia vem a redenção.

De saco cheio de ilusão
Nos diluiremos em fermento na rebelião
Como não repartem o pão, tomaremos à assalto o que é fruto de nossa produção.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Um tarde eterna



A tarde de hoje parece um mês.
Procuro matar a lentidão do tempo
Mas ela é forte e persistente
Um segundo demora um dia pra passar.

Escrevi frases na minha parede,
Preces aos santos
Rogando forças pra sobreviver.

Não chove, não esfria
Para eu dormir.
De olhos abertos vejo tudo
Inclusive o que não existe e me assombra.

Tua ausência fere
Feito gilete

Dançando nos meus pulsos ao som de uma valsa.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Grito

Grito
Pois o silêncio já não me basta
E mesmo em silêncio
Grito nas profundezas de mim.

Grito
Para quebrar as cordas
Que aprisionam, que açoitam.

Grito
A dor pungente

Grito
Pois minha carne sangra
As dores do passado e o peso do futuro.

Grito
Pelo pão
Por um pedaço de chão
Para não ter acesso somente aos produtos do lixão.

Grito
Contra o anjo da morte
E em dias densos demais, grito até pela sorte de encontra-lo logo na próxima esquina.

Grito
Resisto
Luto
Grito.