Escrava Anástacia |
Se alma tive cor, prefiro que a minha seja preta
Preto é guerreiro
Forjado no cativeiro,
Mesmo hoje nas senzalas capitalistas.
Quero pra mim
A essência da Escrava Anastácia
Que mesmo sobre os açoites do Feitor nunca se curvou.
Uma alma preta
Com os versos de Abdias
De Dandara nossa guerreira, a fibra,
De uma mulher companheira
Que sempre se pôs a lutar na defesa de Palmares.
De José do Patrocínio, O Tigre do Abolicionismo,
A consciência de quem sou
Que minha metade livre
Ou uma pele clara
Não me cale ou me amarre e me impeça de lutar.
A alma de Negro Cosme, o Imperador da Liberdade,
Me levando pela cidade numa ousadia militante
Mostrando-me o mundo diferente de antes e com orgulho de
quem sou.
Como a de Carolina de Jesus,
De Zumbi dos Palmares,
E de tantos outros como Aimé Césaire.
Quero a minha alma preta,
Não é que não gosto das outras cores
Mas é porque a cor preta é a essência dos lutadores.
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