quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Sonho, Tempo e Medo


Todo dia é único
O instante de agora, nunca mais se repetirá,
A árvore do quintal não fará a mesma sombra que fez hoje
Nós nunca mais seremos os mesmos de agora,
Dito isso, é uma constatação:  o medo não pode nos pertencer.

Porque o medo é um ladrão de sonhos de agilidade incomparável
Se deixar ele nos visitar,
Sem que percebamos fará abalar as estruturas de sonhos alicerçados no mais íntimo do nosso ser.

E dono de tudo, o Tempo, não nos perdoará.
O sonho de agora e pra ser perseguido agora,
Os desejos de ontem podem não serem mais do Tempo de agora
Sonhos, desejos não existem pra serem reprimidos
Tão poucos são como uma dor que é curada por um comprimido.

Sonhos abandonados,
Desejos reprimidos

São venenos injetados na artéria.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Durma com os anjos

Nessa noite de lua rara
De céu estrelado
Que dos anjos você esteja acompanhada.
O lençol também teu companheiro
Juntamente com o travesseiro
Lhe aqueça até o amanhecer.
Nessa noite,
Que todas as ordens de anjos, inclusive os arcanjos
Façam tua proteção,
Assim teu sono
Tenha como dono apenas você e nosso Poderoso Deus.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Longe


De um lugar desconhecido
Aonde nada é parecido contigo
No entanto,
Com uma brutal capacidade de me fazer rebuscar você na minha pífia memória.

Distante de tudo
Apenas fantasmas resistentes ao tempo como companhia
À noite velo a agonia infame
Causa de uma abstinência do teu colo redentor.

Nesse ostracismo social
Equivocada escolha, sem retorno
Resta-me chorar
Numa penitente resignação de um erro egoísta.

Longe de todos,
Inclusive de mim,
Percebo enfim
O peso de uma escolha fora do tempo.

sábado, 20 de outubro de 2012

Minha Negritude


Tenho atitude e vivo o que sou
Exalto minha negritude
Não nego minha história
Alicerçada por meu tetravô.

Meu sangue crioulo
Derramado nos canaviais
E nos trabalhos mais pesados da mineração
É  a única herança restada
Aos filhos da escravidão.

Agora como podes negar tua cor?
Como posso negar minha cor?
É mais do que cor,
Se houver negação, é de quem sou.

Por isso bate no peito orgulhosamente e digo: Sou negra!
Sim, com cabelo pixaim
Minha identidade genética
Que todos os dias tentam furtar mim.

Não estou aqui dizendo que é fácil ser negra nesse país,
Na verdade não é fácil ser negro em nenhum lugar
Devido esse maldito preconceito
Que faz de nós sempre sujeitos alvos da discriminação.

Mas não vou jogar contra mim mesma
Mudando minha cor no senso do IBGE:
Coloca aí: sou negra,
Disso não abro mão
Uma resposta contrária é querer a própria exploração.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Saindo de Casa


Vou partir daqui
Essa casa não é mais minha
Não me reconheço em nada por aqui.
Por muito tempo esse foi o meu lar
Mas agora, não há mais nada meu
Tornou-se apenas telhado e paredes.
Sei que quando cheguei já havia edificação
Pouco mais dei minha contribuição
Equivalente a um tijolo
Que agora não consigo encontra-lo
Está tudo diferente pra mim.
Essa casa não é mais minha
Nada reconheço
Nem mesmo a escrivaninha
Pela qual tinha eu tanta estimação.
Vou partir dessa casa
Levando tudo de bom vivido nela
Pensamentos, sonhos e até mesmo discordâncias
Bem guardados em mim,
Recordo-me agora
Serei fielmente grato por toda chuva e sol dos quais me protegeu
Saio daqui com muito mais do que trouxe
Acúmulo coletivo
Construído numa casa onde não me reconheço mais.

Profetas


Poderíamos designá-los como construtores
Sem medo de qualquer erro semântico
Sendo essas pessoas
As responsáveis pela estrutura da geração futura.

Mas, preferimos chama-los de professores
Simples cidadãos no sacerdócio da partilha e multiplicação:
Construção coletiva do conhecimento
Que deve ser usado para o crescimento coletivo.

No seu oficio diário
Anuncia as boas-novas
Advindas de uma fé no ser humano,
Sua visão vai além do que o sistema permite ver.

Professor, profeta
Que por amor planta esperança nos nossos corações.

domingo, 14 de outubro de 2012

Na moda


Podem colar em mim
Sou puro sucesso
Elevei o meu ego
E levo sua autoestima se não me seguir.
Me acompanhe
Ser moda é minha sina
Não há receita que lhe ensine ser igual a mim.
Tudo que faço é copiado,
Me surpreende você esse fato não querer ver:
Do cabelo do Playboy ao do Pivete
Estão todos iguais ao meu.
Todas as minhas atitudes são sucessos
Fiz-me  uma tendência central
Tornando habitual fantasia fora de carnaval.
Está na moda agora é meu oficio
E deve ser tua obrigação,
Faça a minha dança
Ouça a canção indicada por mim,
Use os produtos que exibo na tv
São especialmente pra você.
Sou o cara, sou foda
Nada nem ninguém me incomoda
A não ser tua falta de atitude
Em não se empenhar pra fazer parte do clube
Feito especialmente pra ti.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O Encontro de Amanhã


Amanhã a encontrarei
Não sei quem serei
No entanto farei valer a espera
Porque foi ela meu motivo de caminhar até aqui.

Depois de tanto sonhar,
De fantasiar,
De ouvir tua voz me chamar,
Amanhã
Ver-te-ei real em minha vida,
Em todas as vidas.

Ti apresentarei aos céticos,
Também aos fracos e opositores,
Gente sem amor
E cheios de rancores
Que quase me fizeram desistir.

Nosso encontro
Não será apenas meu e seu
Mais de todo coletivo
Que nos deram abrigo
Quando cansados queríamos chorar.

Não ti levarei flores
Sendo nossa a primavera
E todas as outras estações
De um mundo por nós idealizado
E amanhã um sonho realizado

Amanhã será nossa colheita
De uma plantação perfeita
Semeada com amor.

domingo, 7 de outubro de 2012

Seja Sol

Absorva o que ti edifica
O resto jogue fora,
Fique,
E mude o que ti incomoda.

Se agregue ou segregue-se
Veja o quanto pode ser feito por dentro
E o quanto pode ser feito à margem
E seja a própria imagem do que lhe faz viver.

A esperança pertence aos persistentes
Pois o futuro não é de todos
Mas dos bravos e loucos ( se assim preferirem),
Que não admitem a predestinação.

Os incômodos exigem mudanças:
O comodismo tem de diluir
O impossível deve inexistir
E o amor
Esse dever espalhar-se pelo ar.

Espalhe-se nesse mar humano
Reluzindo feito o sol
Dando um novo dia
Uma nova chance a cada ser.

sábado, 6 de outubro de 2012

Soldados do Xingu


O recrutamento começou
Propaganda pra todos os lados
Incentivando a vinda de quem não se alistou.
Já há muitos uniformizados
Vindos de várias partes,
Homens e mulheres
Dentro da farda azul.
Como tantos outros soldados
Não sabem o que defendem
Mas empunham as armas como se de fato a causa fosse deles.
Desconhecem da politica
Não se importam com a crítica
E aceitam a ideia que o comando geral elaborou.
O projeto defendido não é o deles,
Seu objetivo real é o pão,
Sem alternativas
Ceifam as oportunidades das próximas gerações.
Os soldados do Xingu
São vítimas de uma ambição:
Assassinato e exploração de um bem natural
Agora privado, mas antes comunal.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Quero Ser teu Companheiro


Não desejo ser seu Príncipe encantado
Este cara tão esperado
É um homem modelado
Pelo sistema atual
Tendo o homem como o tal.

Quero ser teu Companheiro
Com todos os defeitos advindos naturalmente do meu ser
Com essa clareza
Acentuarei minhas poucas qualidades
No sentido de realmente ti merecer.

Não desejo ser seu Príncipe Encantado
O sujeito errado
Capaz de virar vítima
Faz-lhe sentir culpa por um erro não cometido
Tudo porque é o marido
O redentor de um único futuro prometido.

Quero ser teu Companheiro
O aconselhado e conselheiro
Sereno feito um experiente marinheiro
Em meio à tempestade no mar.

Não desejo ser seu Príncipe Encantado
O sujeito que te manterá enclausurada
Numa casa tranca
Com as obrigações domésticas a fazer:
Lavar roupa  e louça,
Fazer comida e no futuro cuidar do bebê.

Quero ser teu Companheiro
Com tua presença do meu lado
Opinando e questionando
Decidindo juntos por onde devemos  andar.

Quero ser teu Companheiro
Não somente por tua beleza
Mas, pela sinceridade e clareza
Transmitida por teu olhar.

Não quero ti consumir
Desejo com você conjugar o verbo amar,
Quero ser tão Companheiro.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Discurso Perpétuo?


Perpetua um discurso infeliz
Roubam de tudo e todos
Filial e matriz,
E plantam a frase no meio do povo:
Eleja-se outra vez
Pode até ter roubado
Mas esse com certeza pelo povo fez.
O discurso é voraz
Já passeia entre crianças, adolescente
Tudo fruto da ideologia de uma sociedade doente
Onde seus melhores frutos são viciados e delinquentes.
Esconde um câncer maligno,
A corrupção,
E mata o recém-nascido, o idoso
A presente e a futura geração.
Quem perpetua essa preleção?
O antídoto?
Consciência elevada à toda população.