Mulher
Negra
Já com a idade avançada.
Morava no baixão
Às margens do Igarapé Ambé.
Mas veio Belo Monte
E a retirou de lá,
Compulsoriamente recebeu em
vez de uma casa
Irrisória indenização.
A mulher saiu do baixão do
esquecimento
Para as margens da
Transamazônica
Um outro recanto de eterna
exclusão.
Hoje pela manhã
A vi
Rodeada de urubus,
Ela observava um gato morto
sendo devorado pelos abutres.
Havia um Xingu de lágrimas
no seu olhar
Tanta energia no seu pesar
E apesar de agora está no
morro
A esperança, totalmente
submersa.
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