Inventa(dor)

O poeta inventa dor
Mas quando senti a dor bater
Não sabe o que fazer
E como qualquer humano
Fica num canto banhando de pranto seu sofrer.

Um papo reto

O amor não tem embargos

É contra muros

Não se camufla,

É expansivo.

O amor é

Paladar

Audição

Tato

Olfato

É fato

Afeto

Um papo reto.

Seu amor é vida

Ao saber de minha vinda

Aromatizou meus caminhos com jasmim

Numa colina
Onde o horizonte sorri
Fez meu abrigo

Tempestades vieram
Lágrimas fizeram enxurrada
Noites sem estrelas foram sequenciais

Mas a fortaleza
Do amor
Alicerçado em seu ventre
Protegeu-me

E amanheci
Sonhando
Guiado na segurança de suas preces

O tempo
Infalível
Deixou seus olhos cansados
Mas não menos esperançosos
Suas mãos, ainda que calejadas da labuta
Permanecem macias
E ao tocar minha cabeça
Sinto-me o mesmo menino que chorava em seu colo com medo dos trovões.

Felicidade é estar em sua presença
Receber seu abraço
É termos aquela prosa sobre a vida enquanto tomo seu café,

O amor emanado de ti
É vida em mim.
(Vitoriano Bill)

Havia uma vírgula

Com um fino
Que acaba de tirar de sua boca
Derrapando na minha
Numa viagem louca,
Trago
Tempos sóbrios
Para a dor adormecer
E fazer silêncio em nós.

Há dias em que os sonhos se guardam de nós
E fica somente a
                             [Reflexão
O que nos tornamos nos levam a qual endereço?
Na frase dita à uma esquina atrás havia uma vírgula, e só agora percebi.

Rejeito

Rejeito
Agricultores expulsos de suas terras
Obrigados ir pra cidade
Ocupar os sub-empregos e morar nas favelas.

Rejeito
Violação de direitos humanos
Inclusive negação à informação.

Rejeito
O fim do garimpo artesanal,
As crateras do progresso
A fome que chega colossal.

Rejeito
Barragem de lama
Os protagonistas do crime de Mariana,
A morte em nosso quintal.

Rejeito
Todo teu veneno:
Ganância,
Cianeto
E tantos outros mais
Que mata, nos roubam a paz.

Rejeito
As artimanhas do capital
Que se apropria da água
E de todo recurso natural.

Rejeito
A reprise do etnocídio cometida por Belo Monte,
Desestruturar comunidades indígenas novamente
É crime, e quem autoriza é conivente.

Rejeito
A construção de impérios com nossa riqueza
E nos condenarem ao resto,
À pobreza.

O leito de teu riso

Amor

É leito de rio

Tendo liberdade

Corre lindamente levando

                                          [Vida

Por onde passa

E quando se pensa em finitude

Depara-se com o

                             [Mar!

E renova-se na imensidão de um novo

                                                                   [Horizonte

Agridoce.

Amor,

No leito de teu

Ri(s)o

Resplandeço em felicidade

E renasço um novo ser

                                        [Sereno.

Templo Divino

Nosso corpo
                    [Templo de Deus!
Vá a igreja
Dobre os joelhos em oração
Mas de nada adiantará
Se profanares um templo divino!

O ódio
A mágoa
A soberba
Transforma lindas capelas
Em apenas lugares vazios
                                            [Ruínas!

Os excessos
Deixa apenas
                       [Escombros!

A igreja de Deus não é um prédio,

Mas o corpo
E alma

Daqueles em atos sinceros, professam
Paz
Harmonia
Bondade
Fraternidade,
Em suma
O amor!