Por
Vitoriano Bill
Quem
conhece o Coletivo de Poetas Marginais? Poucas pessoas, eu sei. Mas o Coletivo existe
há quatro anos, e nesse período nos dispomos a produzir arte na nossa linda
Altamira. Arte produzida pelas mãos de gente simples, jovens, homens e
mulheres, trazendo uma estética livre e
temáticas que dialogue com questões do cotidiano do grupo social no qual estão
imersos.
Durante
esses quatros anos de existência, o Coletivo de Poetas Marginais realizou
diversos saraus nas praças públicas ou na frente de uma residência de alguém
que se disponha a acolher nossa arte.
O
público que nos acompanha é e um sua maioria jovens que encontra em nossos
saraus a oportunidade de expressar suas artes, de encontrar amigos para um bate
papo, e um ambiente acolhedor.
Nós
nunca tivemos um apoio do poder público, muito pelo contrário, encontramos foi
burocracia para ter liberação das praças, por esse processo de privatização dos
espaços públicos.
Mesmo
assim fomos ganhando espaço e sendo convidados para se apresentar em diversos
eventos, entre eles a Feira Literária Internacional do Xingu- FLIX.
Na
FLIX, fizemos de nosso stand, uma galeria de arte. Expomos nossos fanzines
(livros artesanais) que, diga-se de passagem, teve muita aceitação do público,
e uma exposição de desenhos e fotografias d@s Artist@s A Flor, Devaneios e
Soll. Essa exposição debatia a questão da mulher na sociedade contemporânea.
Sendo a tônica a liberdade e a oposição à mordaça ao corpo feminino.
Essa
exposição chamou muita atenção do público durante a FLIX. E cumpriu o papel de
uma obra de arte, causar o espanto e à partir disso uma reflexão sobre a
temática.
Mas
também, infelizmente foi mal compreendida por parte do público que não se
despôs a imergir no universo ora exposto.
Diante
disso a exposição foi denunciada por haver pornografia, e imagens ofensivas.
Assim, no dia 03 de Novembro por volta das 11h30 o Ministério Público
acompanhado de um policial militar foi ao stand para fechar a exposição.
Ao
averiguar, de maneira muito sóbria e coerente o representante do MP verificou
que não havia nenhuma obra que ofendesse a população. Mas ainda assim sugeriu
que retirasse umas das obras, mais polêmicas de autoria da artista Devaneios. O
Coletivo se posicionou de maneira contrária, dizendo que se uma obra fosse
retirada toda exposição perderia o sentido, visto que é um conjunto
inseparável. Por fim, a exposição seguiu seu curso.
Esse
episódio é muito preocupante uma vez que é contrário a liberdade da expressão artística.
Uma obra não pode ser censurada por pensamentos conservadores embebidos de
hipocrisia. Essa mesma sociedade que ver pornografia numa obra artística é a
mesma que se cala diante da corrupção, que posta foto de corpos jorrando sangue
nas redes sociais, e que considera normal a submissão da mulher pelo homem,
compactuando assim com o feminicídio. Em suma compactua com a violência!!!
Nós
do Coletivo de Poetas Marginais seguiremos produzindo arte sem qualquer tipo de
mordaça. Consideramos que um dos papéis da arte é trazer para o centro do
debate questões cruciais da sociedade, mesmo que para isso tenha que enfrentar
essa camada da sociedade que se trajam de santos, mas defendem a morte contra
os menos favorecidos.
Nossa arte é acima de tudo uma expressão de amor à liberdade!