domingo, 30 de outubro de 2011

Minha cachaça


Drummond, disse que sua cachaça
Era seu verso.
Talvez se eu fosse um poeta
Minha cachaça seria os versos,
No entanto, não me descobri como tal,
E fiz de Cazuza meu etílico.

Não sei o que esse cara tem,
Sua voz
Aperta-me o peito,
Faz-me sentar e ficar sem norte.

Cada gole de sua voz
No meu coração inquieto
É uma  viagem alucinante,
São delírios,
 Sonhos
De amores e de momentos não vividos.

Com suas canções
O meu museu estático
Bem guardado em forma de lembranças
Joga-me ao chão
Como se eu fosse um maior abandonado.                                                                     

No bar de casa
Bebo sozinho ou acompanhado,
Todavia o único a ficar alucinado sou eu,
 Por que Cazuza é minha cachaça.

Todos os dias antes de trabalhar
Às seis horas da manhã,
Socialmente
Me deleito com seu grito libertador,
E me sinto exageradamente livre.

sábado, 29 de outubro de 2011

Pronta Pra Casar


Faz miojo pro almoço
E kisuco pra tomar,
Frita um ovo como ninguém
E a farofa é no jantar.

E não duvidem
Essa menina
Afirma está pronta pra casa.


p.s. Poesia inspirada numa amiga muito querida.

Ela


Passei o dia com ela,
A muito tempo não a via
Não sorria com suas loucuras
Não apreciava aquela formosura.

Pensei em versos
Tentei até filosofar
Mas foi tudo linear.

Ela me fez sorrir
Desprovida de preconceitos
Até me senti
Mais um cara normal.

Ao fim da tarde
Foi o inicio de nossa despedida
Sem dramas sem feridas
Apenas despedida.

 A verei no próximo fim de semana.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Dia Novo


Pelo dia novo
No anseio e na carência
De um abraço redentor
Unamos nossas forças
Pra ressuscitar a fé em nós.

Pelo dia novo
Levantemos da praça
Procuremos alcançar o céu
Fazendo aliança com quem nos deu fel
Derrubando os que nos apunhalaram com papel.

Pelo dia novo
Procuremos o brilho num olhar
Que as águas correntes sejam do rio para o mar
E a fé até então ausente
Seja perceptível no ar.

Pelo dia novo
Sejamos humanos
Só isso,
Tenhamos fé em nós,
Amemos o outro.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Pre


O preconceito
Faz-me julgar
O quê ou quem não conheço.

O prefácio
 As vezes tem uma linguagem difícil.

O prefixo
Nem sempre está onde quero,
 Mas me liga com quem eu queria está.

No preparo
Não paro de adicionar motivos pra te ver.

No prédio
Vizinho tem uma moça
Minha visão
Predileta
De todas as manhãs.

O prejuízo
Leva-me à lona,
E o meu
Predicado
Não ganha a forma que deveria ter.

E o pretexto
É o argumento que tenho pra te convencer.

Precaução
É o que tenho nos passeios noturnos.
A previsão
Que tive quando mergulhei nos teus olhos,
Era que iria me perder,
E optei por não me
Prevenir.

No pré-natal
As pessoas compram presentes.

Pressa
É o que o tempo tem quando estou amando.

O que sou


Se sou escritor?
Claro que não!
Apenas um sonhador,
Que brinca com palavrinha ou palavrão.
Gosto de ver as palavras em mutação,
Umas me dizem sim,
Outras me dizem não.
Elas me dão vida
E me fazem sonhar,
Com elas eu sou o sol
E num copo eu prendo o mar.
Não sou escritor!
Sou um leitor,
Que se perdeu num livro de poesia
E para se encontrar tenta fazer magia,
Prender pensamento num papel,
Mas esse é um dom apenas de quem domina o céu.
Quem dera eu ser um escritor!
Faria um novo mundo,
Materializaria o amor.
Mas, sou apenas um brincante,
Um folião,
Um perdido navegante
Que naufraga com os pés no chão.

domingo, 16 de outubro de 2011

Nossa Liberdade, Xingu


Te vi desaguar  livre,
Eras pura liberdade
E libertavas quem de ti dependia.

Hoje
Tens dono,
Serás privado de seguir teu leito.

Te tirarão do teu caminho
Igual como fazem com o povo diariamente.

Impedir-te-ão de correr
Da mesma forma
Que querem nos impedir de lutar.

Que minhas lágrimas
Se unam às tuas águas,
Que o camponês
Se una ao citadino  
E tenhamos força pra resistir.

Rio livre,
Povo livre,
Se nem a água tem o direito
De seguir seu curso natural
Terá direitos o povo?

Ver-te livre
É ter liberdade também
Ir à luta em teu nome
É reivindicar o fim da opressão.