terça-feira, 28 de agosto de 2012

Vossa Excelência


Muito justo Vossa  Excelência
Que o grito do povo abafou
E que obediente ao Capital
A mão-de-ferro baixou.

A Justiça é vidente
E é evidente que se faz de cega
É tão sóbria quanto
Um viciado em aguardente
Cai a venda
E Vende-se a vida.

Liberta o assassino da Freira
Autoriza o barramento do rio
A versão do povo presente nos autos
Nem viu.

Nesse país,
Paraiso Tupiniquim,
Manda quem têm dinheiro
Obedecem os covardes, os traidores.

O Estado nosso verdugo,
A Justiça:
A corda que nos enforca
A lâmina da guilhotina
A ilusão intermitente.

Tudo caminha pra outra mão
Se trabalho me tiram o pão
Exijo por liberdade me dão prisão
Ensaio uma fé na justiça vem a traição.

Muito bem Senhores Ministros
Só nos resta ouvir Bertold Brecht
E Seguir a Resolução.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Ela é revolucionária


Ela é revolucionária
Veste-se de tudo
E veste quem a quiser.
Dos versos do poeta
Às gravuras do pichador
Exprime revolta,
Alimenta sonhos
E propaga o amor.
Perfeita,
A ela ninguém se iguala,
Se não a dão espaço
Assim mesmo sobrevive
Aí se torna marginal,
E pulsa em rebeldia
E alimenta o povo
Que com pouco se sacia.
Nem só de pão vivemos
Mas da batucada do tambor,
Da voz do nosso cantor,
Das linhas pensadas pelo escritor,
Dela,
Da Arte que Deus nos deixou...

domingo, 19 de agosto de 2012

Liberdade


(Para os alunos do 1º ano do Ensino Médio (2011) da Escola Osvaldo Cruz, Vila Surubim-Anapu)

Ao estudar
Vejo o mundo com outros olhos
imagem meramente ilustrativa retirada da internet
Soletro li-ber-da-de
E me transformo.
Libertar-se é conhecer o mundo
Além das senzalas,
Além do alcance das correntes.
O pequeno texto lido,
O pequeno texto criado,
O primeiro cálculo,
O Primeiro passo,
As idéias elaboradas
As dúvidas plantadas,
E a semente que brota:
Um lindo horizonte como sinal de recompensa.
E já penso por mim,
E falo,
Então vejo que tenho o mundo
Porque pensar,
Saber e poder falar
É ser dono de si.
Olho pra trás
Percebo então que estudar
É como cultivar a terra
Se abandono, pára de produzir
E terra improdutiva ganha novo dono
E quem tem dono está preso.
É nessa hora que encho os meus pulmões
Dessa  brisa pela qual me apaixonei
Lembrando-me que querer a liberdade
É amar-se,é encontrar-se com Deus.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Coração Vagabundo


Nem parece que eu a tinha nas mão
mas,
tão repentinamente partiu
e assim partiu meu coração.

Não há no mundo
algo,
ou alguém
tão vagabundo
como esse músculo pulsante no meu peito.

Sem vaga no mundo
O pobre vagabundo
Vaga em busca de amores,
Perdido de amor.

Nessas andanças sentindo-me livre
Tenho meus sentidos aguçados
Tudo liberto
Para que eu possa ver
meus amores voltar.

domingo, 5 de agosto de 2012

Quem vai dizer?


O mal foi naturalizado
Senzalas, guetos e sowetos
Modernizados,
Mas, quem vai dizer?

Semântica
Usada pra ocultar
Verdades indesejadas,
Para enganar os menos esclarecidos,
Mas, quem vai dizer?

Tudo,
Todos,
Reduzidos a papel  moeda
Valoraram dos princípios
Aos versos do poeta,
Nos tornaram velharias em liquidação,
Mas, quem vai dizer?

Da moral,
Veio as regras pra nos tornar infeliz
Demonizando gays, lésbicas
E todos quantos fugiram do padrão constituído,
Mas, quem vai dizer?

Violenta sociedade
Incapaz de respeitar o individual
Ignora a construção coletiva do bem viver.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Socorro

Socorro!
Socorro!
Socorro!
Ela simplesmente não reagiu
Não resistiu às facadas
Desferidas pelo marido.

Já não adiantava socorro
Socorro não vive mais
É só mais um corpo
Uma vítima da violência
Doméstica violência.

Socorro!
Socorro!
Vá com Deus!

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Passamos


Já está tudo na mala, nas caixas, num canto da sala. Nos resumimos a isso, nossos olhares não conseguem se quer se encontrar.
Parado, perto da porta, recordo-me da primeira vez que nos entramos aqui. Naquele momento, não era apenas uma casa, víamos sonhos e planos.
Entre abraços, beijos e risos, criamos nosso paraíso, por um tempo fomos apenas um. Quanto foi bom, nem você, tão pouco eu conseguiremos mensurar. Pena, o nosso tempo passou.
Além das caixas e mala, levo também tudo que valeu a pena viver. Nosso café da manhã, quando você surgia na cozinha vestida com minha camisa e mordia uma maçã. Os encontros de famílias improvisados, os risos forçados de uma piada qualquer. A lua cheia que tomamos pra nós.
Não há pesares, valeu enquanto durou...
Não levo nada além de meus pertences pessoais, que estão embalados. Os outros estão no meu coração, na minha mente, fazendo-me outro ser. Sem fotos, apenas fatos, minhas recordações são vivas tanto quanto nós.
Não perguntarei o que não podes responder. Assim como vou, sigas também. Monte outros álbuns, sinta novas paixões, evite as aflições, e repita os gritos na chuva, sedenta de amor.