O moço
Alto
Branco
De olhos azuis
Vestindo terno e gravata,
Sorriso brilhante
Conquistou a bela donzela
Promessas
Pairava no ar o futuro sonhado,
PROGRESSO,
Família feliz
Prosperidade
Mas num de repente
O amor, se foi...
O moço
Precificou
E mercantilizou
A donzela
Usou
Abusou
Fez sangrar
Gozou,
Inclusive na cara.
Violência
A donzela
Engravidou,
Pré-natal: espancamento diário,
Sobreviveu
À base de álcool,
Os bares das esquinas tornaram-se lar.
Dos bolsos do moço
Dinheiro jorrando,
O mercado de futuro tem seu nome
Seus filhos nem sobrenome
Concentração
De
Renda
Pobreza
Trampo nos canteiros
Ajudante de pedreiro
Mãos calejadas
INCHADA
DESESTABILIZADA
Trabalha
DOR(a)
Desaloja
Desinfecta
Toda proximidade do cartão postal,
Partiu,
Jatobá!
(REU)rbanizar
Marginaliza
Desapropria
Quem levanta o paredão
Colisão
Tráfego
Tráfico
Feminicídios
Etnocídio
Extermínio das juventudes
Os filhos da donzela não envelhecem.
Mas lá do alto,
O pai,
NES(s)A
Estrutura de poder
Cada vez mais rico,
Cada vez mais seguro
IMPONDO SEUS DESEJOS.
Não olha mais pra donzela,
Sofrida
Não é mais tão bela,
Ele sacia-se na prostituição
Tem cash para ser
Chush
Em qualquer lugar
A donzela de outrora
É um corpo doente
Saqueada.
De futuro roubado,
Desempregada,
Hoje não almoçou,
E vive sem energia elétrica em casa.
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