terça-feira, 27 de setembro de 2011

Versos póstumos

Sorri na cara da fome

Sem querer a miséria estava no meu sobrenome.

Do lixão tirei o que comer

Não tenho vergonha

Tornei-me um animal para sobreviver.

Do papelão fiz minha casa

Da estrada o meu quintal

Meu lençol era um jornal.

Durei o tempo que pude

Não fiz corpo mole, e não me julgue

Partir porque não tinha como seguir

E vejo outras vidas iguais a minha daqui,

Homens morrendo, mulheres chorando, crianças sofrendo

E todos do lixo vivendo.

Morri porque não tinha espaço nesse mundo pra mim

Suspeito que cheguei nele sem convite

Não sou de berço, não sou da elite.

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