sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Black Power

Descobri que sou preto
Agora sei dos irmãos em Soweto,
Das vítimas da chacina da Candelária
E que devido a cor, nossa pele é alvo certo pra navalha.


Nariz
Os lábios grossos
Sempre neguei
Quanto à pele, moreno.
Por muito tempo o país branqueei.

Vi as minas se encontrando nas chapinhas
Os manos em cortes de cabelos na um
Eu enquadrado no sistema
Assistindo o extermínio de outros pretos
Dizendo menos um.

Descobri que sou preto
Agora com o cabelo black
Dô o toque pros muleques
Não admita chacota, nem apelidos depreciativos
Por conta de sua cor.

Na verdade,  aceitei - me como preto
Porém,  o peso dessa aceitação
É o mesmo que lutar contra a crucificação
Agora enxergo o preconceito.

Aceitei- me como preto
E não finjo mais não ver
Toda a exclusão racial.

Black Power,
Mudei, me aceitei
Hoje
O preto que sou é um nego nagô.

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