domingo, 31 de dezembro de 2017

Dentro do Igarapé


Dentro do igarapé
Somos todos crianças,
Nessas águas
Não há lembranças
Da infância que não desperte.

Dentro de um igarapé
Vivem minhas imaginações de menino,
Os monstros gigantes,
Dentro de mim criação.

Diversas vezes fiz jangadas pesadas que flutuavam
Sem a mesma explicação que eu não podia andar sobre as águas
(Me contaram que Jesus fez isso),
Eu empunhava uma espada com muita valentia.
Eu desbravava o mundo com magia e coragem.

E sempre chorava quando a água vinha
E derrubava meus castelos de areia,
Até hoje choro.

Dentro de um igarapé, lembranças
De um menino que tento não afogar no mar dos adultos,
De águas artificiais.

Novo Sabor

Ao partilhar o pouco pão que possuía com uma multidão de famintos
Jesus realizara o milagre da multiplicação,
A transformação da água em vinho
Foi dá novo sabor (sentido)
À vida das pessoas.
O Natal é a celebração da vida desse Deus que permitiu-se viver como homem para mostrar aos humanos
O quanto podemos ser grandiosos em bondade.
Não precisamos de grandes poderes para ajudarmos o nosso próximo,
Mas enxergar que em pequenos atos podemos dá novo sentido à muitas vidas.
Precisamos nos incomodar com as injustiças,
Querermos fazer um mundo melhor, 
Precisamos de amor no nosso coração. 

Cachaça de Jambú


Beijo
Quente
Deixa os lábios dormentes
E todo o
Corpo
Pedindo mais.
Entra
Rasgando-me
Numa ardência milimétrica
Para conformar-te dentro de mim
De maneira suave,
Para então ser só prazer.
Tens nome nativo
Te encontro nos bares da feira
Ou feito fera numa esquina qualquer. 
Cachaça de jambu. 

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

No abandono das quebradas


No abandono das quebradas
Rasgando o silêncio
E a frieza da noite
O verbo se fez carne.
Deus entregou ao mundo
Seu único filho
Como alimento aos famintos por justiça.
O Natal não se passa nos palácios
Lá no máximo tem um banquete,
O Natal acontece quando mulheres e homens
Se unem aos empobrecidos e partilham o pão,
Renovando desta forma
O compromisso em lutar por um mundo justo,
Assim, nos braços de Jesus
Renovam a esperança na construção de uma sociedade fraterna plenamente.

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

A brasa na pedra nos ilumina


A brasa na pedra nos ilumina
O poste da rua é nosso abrigo
Enquanto partilho contigo
A lata queimando

Na lata de todos fumamos
A dor fabricada cotidianamente,
Deixamos de ser gente
Nem nome temos

Bichas, putas, loucos,
Viciados, delinquentes, imundos!
Assim nos enxotam,

Somos a sujeira
Insistindo em escapar
Debaixo do tapete

Estamos à caminho do céu?
Porque as ruas aqui são estreitas.
Não sabemos ao certo
Porque só os carros passam livres aqui,
Talvez a pedra que queima lá dentro é sagrada.

O soldado do silêncio se aproxima,
Ele é o guardião dos que nos ignoram,
Ele é nosso inferno.


quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Traficando pó(esia)


Somos a facção Comando Pó(esia)
A comunidade fecha com a gente
O nosso produto vicia, mas não deixa ninguém doente.
Tá todo mundo seguro, tem arma pra população
Calibres pesadíssimos, traficante de informação.

Logo na esquina Fazendo a contenção
Tem um pivete Portanto um Leminski na mão.

Na construção
Na hora do almoço
O ajudante de pedreiro nem cochila
Puxa um Drummond da mochila
E partilhou com seus parças
A viagem dos versos parecem samba na praça.

Na sala de casa
A mãe injetou na veia Ana Cristina César,
Esse negócio prende mais que cadeia

Na casa do lado
A vizinha consumindo Ferreira Gullar
Nem percebeu o seu filho entrar
A porta abriu
E ele com uma arma parecendo um fuzil,
Era um Hilda Hilst de 320 páginas
E gritou: Pó(esia) é arte
Indecência é a corrupção no Brasil.

Tá afim de uma parada,
Mano, mona, mina,
E tá sem grana pra comprar
Troco o meu Clarice Lispector
Pelo teu Suassuna, que tu acabou de inalar.

Tudo zica
Pensamentos pulsando
Descobrimos que o conhecimento liberta

E por isso nossa facção não tem ninguém vacilando.

sábado, 2 de dezembro de 2017

Se flor Pecado abrir



Em pleno
Céu
Aberto
Jardim fechado.
Se flor
Pecado abrir,
Não há dúvidas,
O próprio inferno
Reside
Em ti.
Abelhas
Te abraçam.

sábado, 25 de novembro de 2017

Etnografia



Habitei
As esquinas
De teu corpo

Me despi
Pra te
Entender

Vivenciei

Tempestades
Devastadoras

Em madrugadas efêmeras

Pêlo pele
Atrito
Fricção

Etnografia
Vá dia
Mente
Em ti,

Prazer.

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Tempos loucos


Vida minha, teu corpo clama liberdade
Correm tesa tem sabor suave,
Muro-cama-livre.
Ao crava minhas mãos em tua pele, vi,

Em câmera lenta
Nossa respiração acelerar ofegante.
Ouvi nossos corações baterem

Tempos loucos.
Vinho, carinho
Rio de fogo em nós,
O beijo era ponta do desejo.

Apesar de adorar a previsibilidade,
A segurança
Não cabíamos num soneto.

Percebi minha queda natural
Pela quebra do ritmo
Visceral exigindo
Prazer natural.

Sempre soube
               Está tudo
                             Em
                                 Ti.

Contos se escrevem em tarde frias
Já, nossa poesia,
Em madrugadas
Febris.

Quando
           Retornas
Pra
     Mim?

sábado, 18 de novembro de 2017

As moças...

Fotógrafa: A Flor     Modelo: Raylane Rodrigues


Ao moço
Atrasado
Um recado,

Encontramos
Marcas
De ousadia,
Numa estética
Subversiva

Havia sangue
Mas acima de tudo
Desejo
Novos horizontes

Ao moço
Inquisidor
Prepare-se,
As moças
Fazem amor
Fazem guerra
E em seu corpo
Lar-prazer
Liberdade indomável


As moças
Dominam os muros.
Gemidos, urros:
Magia ébria do que o corpo ama.

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Fanzine: Poesia Viciada

Click na imagem para baixar o zine

Este fanzine ou zine como queiram, foi feito especialmente para o Seminário de redução de Danos que aconteceu em Altamira/PA.
São poesias e desenhos que tratam a questão do uso de drogas psicoativas, mas na perspectiva da prevenção e redução dos danos.
Os desenhos são da artista marginal A Flor, as poesias são da poetisa Devaneios e do Poeta Vitoriano Bill.
Baixe, compartilhe!

domingo, 12 de novembro de 2017

Depois...



Depois de tanto andar
Depois de tanto tentar
Depois de algumas lágrimas
Depois de algumas ilusões

Depois de sangrar
Depois de vagar pelas noites de mim mesmo
Depois  de verdades calcinadas

Numa noite de céu estrelado e lua cheia
A poesia me encontrou
Rimou tua boca com a minha,

E uniu nossos corações num soneto marginal.
Depois de tanto vazio,
Te encontrei, meu amor
Numa magia que é intersecção de sonhos infinitos.

domingo, 5 de novembro de 2017

Flor de Poesia

Aline Pereira Vitoriano


(À minha companheira Aline Pereira Vitoriano. Feliz aniversário meu amor!)

Flor de poesia que nasce em primaveras populares
Tua presença, fazes de destroços um mundo encantado
Onde o amor é o bem maior.

Desde que me encontrei em teu riso
O mundo ganhou novos sabores
A lua ficou mais linda!

Viver ao teu lado torna-me o sujeito mais feliz do mundo,
Perder-me em teu corpo
Naufragar em desejos
Em madrugadas à fora

É inarrável, por que o sublime
Não tem descrição
Por isso, Flor de Poesia,

Tua beleza rara, teu encantamento é tão divino, que só Deus para compreender.

sábado, 4 de novembro de 2017

Nossa arte é acima de tudo uma expressão de amor à liberdade!



Por Vitoriano Bill
Quem conhece o Coletivo de Poetas Marginais? Poucas pessoas, eu sei. Mas o Coletivo existe há quatro anos, e nesse período nos dispomos a produzir arte na nossa linda Altamira. Arte produzida pelas mãos de gente simples, jovens, homens e mulheres, trazendo uma estética livre  e temáticas que dialogue com questões do cotidiano do grupo social no qual estão imersos.
Durante esses quatros anos de existência, o Coletivo de Poetas Marginais realizou diversos saraus nas praças públicas ou na frente de uma residência de alguém que se disponha a acolher nossa arte.
O público que nos acompanha é e um sua maioria jovens que encontra em nossos saraus a oportunidade de expressar suas artes, de encontrar amigos para um bate papo, e um ambiente acolhedor.
Nós nunca tivemos um apoio do poder público, muito pelo contrário, encontramos foi burocracia para ter liberação das praças, por esse processo de privatização dos espaços públicos.
Mesmo assim fomos ganhando espaço e sendo convidados para se apresentar em diversos eventos, entre eles a Feira Literária Internacional do Xingu- FLIX.
Na FLIX, fizemos de nosso stand, uma galeria de arte. Expomos nossos fanzines (livros artesanais) que, diga-se de passagem, teve muita aceitação do público, e uma exposição de desenhos e fotografias d@s Artist@s A Flor, Devaneios e Soll. Essa exposição debatia a questão da mulher na sociedade contemporânea. Sendo a tônica a liberdade e a oposição à mordaça ao corpo feminino.
Essa exposição chamou muita atenção do público durante a FLIX. E cumpriu o papel de uma obra de arte, causar o espanto e à partir disso uma reflexão sobre a temática.
Mas também, infelizmente foi mal compreendida por parte do público que não se despôs a imergir no universo ora exposto.
Diante disso a exposição foi denunciada por haver pornografia, e imagens ofensivas. Assim, no dia 03 de Novembro por volta das 11h30 o Ministério Público acompanhado de um policial militar foi ao stand para fechar a exposição.
Ao averiguar, de maneira muito sóbria e coerente o representante do MP verificou que não havia nenhuma obra que ofendesse a população. Mas ainda assim sugeriu que retirasse umas das obras, mais polêmicas de autoria da artista Devaneios. O Coletivo se posicionou de maneira contrária, dizendo que se uma obra fosse retirada toda exposição perderia o sentido, visto que é um conjunto inseparável. Por fim, a exposição seguiu seu curso.
Esse episódio é muito preocupante uma vez que é contrário a liberdade da expressão artística. Uma obra não pode ser censurada por pensamentos conservadores embebidos de hipocrisia. Essa mesma sociedade que ver pornografia numa obra artística é a mesma que se cala diante da corrupção, que posta foto de corpos jorrando sangue nas redes sociais, e que considera normal a submissão da mulher pelo homem, compactuando assim com o feminicídio. Em suma compactua com a violência!!!
Nós do Coletivo de Poetas Marginais seguiremos produzindo arte sem qualquer tipo de mordaça. Consideramos que um dos papéis da arte é trazer para o centro do debate questões cruciais da sociedade, mesmo que para isso tenha que enfrentar essa camada da sociedade que se trajam de santos, mas defendem a morte contra os menos favorecidos.

Nossa arte é acima de tudo uma expressão de amor à liberdade!

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Somália é África


Há tanques
Ataques

Terrorismo

E acreditem
Há humanos na
Somália

Somália é África
Somália é preta

A Somália é como os favelados do Brasil
Quando um é assassinado não tem comoção geral
Por não ser de uma família tradicional

Mais de 300 mortos num ataque terrorista na Somália

Imagina se fosse nos State ou num país Europeu?
Mas a
Somália é África
Somália é preta

A Somália tem sede

A Somália é o próximo neguinho assassinado na periferia dessa Bruzundanga,
Somália é África
Somália é preta.


segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Negra, da cor dos meus sonhos


Mulher,
Negra

Da cor de meus sonhos,
Desfilando aos meus olhos,
Vestindo uma blusa xadrex
De botão
Amarrada na altura
Da cintura,
Loucura
Não ti olhar.
Perco o ar
Só não perco seus passos
Ao passar
Por mim.

Um dia desses ti encostei na parede,
Meus dedos em teu cabelo black power
Minha boca em tua pele
Te arranquei sussurros desconexos
Ti arranquei a roupa

Ti fiz gozar,
Me fizeste gozar.

Um dia desses descubro teu sabor
Beberei teu licor,
Serei mais que teu escravo sonhador.

terça-feira, 10 de outubro de 2017

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Meu coração chora


Meu coração chora
Há mais assassinados
Do que camisas para serem estampadas com seus  rostos,
Ou talvez por que
Há rostos que nunca serão estampados numa blusa
Serão invisíveis como sempre foram à vida toda
São Silvas, Oliveiras, Zé Ninguém, Maria  Qualquer
Em sua maioria nem sabiam assinar o nome.
Meu coração chora
A morte anda vaidosa
Apaixonada pelos jovens
Em beijos lancinantes leva-os  em passeio de travessia ao Estige.
Meu coração chora
O crime
Sangue

Morte.

terça-feira, 3 de outubro de 2017

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

A morte é pop


A morte é pop
Faz mais sucesso que a vida,
Necropolítica
Necropoder
Necromídia
Alta lucratividade

Corpos em decomposição
Sucesso
Na rede
Onde o amor é apenas um corpo jorrando sangue ao chão,

Territórios de morte é Business,
Na bolsa de valores
Especulação
Quantos pobres morrerão hoje?
O comércio aquecido,
A morte é pop!




quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Imensamente Verde

Foto de Ricardo Stuckert

Verde
Imensamente
Verde

Às vezes enxergo o Xingu
Igual amor de mãe.

Vida
Espelhada
Espalhada
Por todo lugar

Tem energia que não passa por fio nenhum,
Deve conectar-se com a mística dessas águas,
Para sentir a corrente fluir.

Apenas aprendiz
Os caminhos não estão postos,
Eu vi.

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Pedra Inflamável



No meio do caminho tinha uma pedra

Pedra inflamável
Produzindo fumaça efêmera
Me fazia voar

Mas a pedra
Pesou
E em vez de flutuar
Tornei-me um náufrago solitário

Parecia vida,
Era ilusão

O que separa o dia da noite?

Há crateras em mim
Boca e dedos em decomposição,
Abismo

No meio do caminho tinha uma pedra
Que me fumou.

No meio do seu caminho
Agora, eu sou uma pedra

O que farão?

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

O Sol Reverbera

Modelo: A Flor, às margens do Rio Xingu, na Orla de Souzel



(À Aline Pereira Vitoriano, A Flor da minha Vida)

O sol
Reverbera
A tarde
Habitante
De seus olhos,
Não é tristeza,
Somente
Beleza crepuscular
Preciso amanhecer no amor
Que embeleza
Esse olhar,
Vida minha!

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Salve o Brasil!




Salve
O Brasil!

Salve
O povo
Brasileiro
Que trabalha
Cotidianamente
Para enricar o capital estrangeiro

Salve
O Brasil
De mais um programa de privatização
Dessa vez é a Eletrobras
Da próxima
Universidades e hospitais

Salve o
Brasil!
Salve
O povo dessa bruta situação
Falta dinheiro para tudo
Mas sobra para a corrupção

Salve
O Brasil
Salve
A juventude marginalizada
Que em vez de serem atendidas com educação e cultura
Está sendo exterminada

Salve
O Brasil
E abaixo à canalhice
Que não quer os trabalhadores aposentados na velhice

Salve
Salve
Meu Brasil
Nesse 7 de setembro
Em vez de comemorar uma independência inexistente, eu me lembro

De Zumbi
De Dandara
E de tantos outros como eu e você, guerreiros
Com muita vontade de lutar por uma independência
Que seja sinônimo de soberania a cada brasileiro.