terça-feira, 31 de julho de 2012

Essência


A essência de uma existência
Onde há de habitar?
Ser o que esperam que eu seja
Ou existir no que me faz sonhar?

domingo, 29 de julho de 2012

Histórias de uma noite


Na noite passada muitas coisas aconteceram. Saí com uns amigos, ficamos conversando e bebendo num quiosque na Orla do Cais. Cada um com suas namoradas, eu, sozinho, carregando a densa companhia da solidão.
Depois de esgotarmos nossa disposição de conversarmos, cada um foi para o seu programa particular. Deparei-me naquela mesa sem ninguém. Eu não queria voltar pra casa àquela hora. Carente de um afeto feminino imediato. Mas quem poderia sanar meu anseio?
Decidi num impulso incontrolável ir a um bordel recentemente aberto na cidade. Colegas que já haviam estado lá disseram encontrar mulheres que além de excelentes profissionais do prazer, eram boas companhias pra conversar. Assim como eu, eles não procuravam exclusivamente por sexo, mas por um pouquinho de carinho, ainda que fosse de mentiras, mas que se expressassem de forma sincera.
Não me preocupo com o julgamento alheio, nem me atentei ao fato de ser visto entrando na Casa da Luz Vermelha.  Alguns de meus colegas não conseguem conceber a ideia de pessoas fora do seu circulo de amizade masculina saibam que frequentam este tipo de lugar. Tento entender o porquê disso! Pra quê se censurar em pagar por um momento de prazer, se há tantos  relacionamentos conjugais movidos por uma relação financeira implícita, e consentida por todos na sociedade.
Entrando no recinto, deparo-me com uma velha conhecida. Uma linda mulher, resultado de uns traços que restaram da pré-adolescente que conheci no ensino fundamental. Quando nos vimos, nossos olhares tentaram fugir um do outro, num ato repentino de autocensura. No entanto, não havia mais como nos ignorarmos.
Sentei sozinho numa mesa. A mulher veio me cumprimentar, era o imperativo do manual de educação entre duas pessoas que se conhecem.
As passadas que ela dava no meio do salão revelava cada vez mais sua beleza. Uma morena de cabelos cacheados, pele cor de jambu.
A Casa exalava libertinagem, na mesma proporção que minha amiga minava dor. Percebi no seu olhar. Uma estampa nítida, recado que parecia eu ser o único a enxergar. Vi, não apenas um corpo escultural, mas a companhia de uma alma ferida.
Seu plano em primeiro momento era só me dá as boas vindas e sair. Pedi a ela que sentasse, relutante atendeu meu pedido.  Sem dúvidas eu era o cliente mais indesejado por ela naquela noite. Não por apresentar mau aparência, ou cheiro ruim, mas porque eu sabia quem ela era.
Sandra, no passado, tempos de escola, era a nerd da turma. Sem falar que era fruto de desejo de todos os meninos da escola, por apresentar desde cedo uma beleza tentadora. Entretanto, a então menina, era uma das mais centradas da escola, incapaz de ceder a qualquer investida dos garotos mais atirados.
Quando terminamos o ensino fundamental fomos para escolas diferentes e nunca mais nos vimos. Agora encontro-a num bordel, mercantilizando seu corpo.
Perguntei a ela o que aconteceu com o sonho de ser jornalista.
- Sonhos são alimentos ilusórios pra criança pensar que todos podem vencer na vida- Sandra respondeu com a voz trêmula.
A mulher lembrou-me que para que continuasse a conversar eu teria que pedir um drink pra mim e outro pra ela, normas da Casa.
Imediatamente pedi os drinks. Sandra continuava de cabeça baixa. A segurança esboçada por todas que trabalhavam ali, ausentou-se dela ao me avistar.
Entre um gole e outro de uísque, Sandra desarmava-se da timidez que minha presença lhe causava, e contava todas suas feridas, caminhos que lhe levou até ali. Entendi então os fatos capaz de forçá-la a chegar até ali.
Sandra não estava se justificando por ser uma garota de programa.
- Sem romantismo. Não pense: pobre menina sofreu tanto e como única alternativa sobrou-lhe a prostituição. Tive outras oportunidades dignas de reconhecimento dessa sociedade preconceituosa, mas tão sofrida ou mais quanto essa que optei pra viver- explicou a mulher.
Os motivos de suas amarguras eram a morte da mãe, e o rompimento do noivado, tudo de forma consecutiva. A mãe morrera quando Sandra ainda cursava o primeiro ano do ensino médio.
Esses fatos a fizeram fazer escolhas que hoje ela julga precipitadas.
Fui me envolvendo rapidamente com toda sua história. Entre um gole e outro, sem o costume de consumir bebida alcoólica, fiquei bem alto, forçando para manter-me na lucidez.
Dor de cabeça é tudo que sinto agora, sem lembrar o que veio depois, como parei nesse quarto. Deitada na mesma cama, Sandra. Sobre seu corpo somente o lençol, e eu não sei o que fizemos.
Muita coisa aconteceu, há muito pra saber.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Pavulagem


A pequena passa
Toda pomposa
Fazendo uma cara daquelas ardilosas
Tentando de tudo para me impressionar.

Sinceramente,
Impossível não olhar
Ela cresce a medida que se aproxima
Julgo ser minha sina
Tremer ao vê-la chegar.

Putistanga,
Uma baita donzela
Gazetando na praça pra me atormentar,
Quanta pavulagem numa só pessoa,
É muita judiação.

Eu de flosô
Honestamente,
Só me resta tirá-la do altar
E partir a seu encontro,
 E lhe roubar um beijo.

Mas que diacho,
Pronto, beijo roubado,
Levei farelo,
Por ser um simples rapaz
Um pé de chinelo.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

O Sarau


Sábado, vinte horas, rua oito do bairro Boa Esperança. Uma fogueira cumpria o papel místico do evento e de iluminar a rua substituindo as lâmpadas dos postes queimadas há muito tempo.
Muitos dos presentes, só ouviram falar sobre o que era um sarau. Mas estavam empolgados com o encontro ao pé da fogueira. Idosos, jovens, pais e filhos todos ansiosos para ver o resultado da oficina de literatura feita com a juventude do bairro pela professora Madá.
A professora, poetisa por natureza, trabalhou a semana toda por aquele momento. Ajudou cada participante da oficina perceber seus talentos na escrita, e a enxergar a educação como um instrumento de libertação, e a poesia como arma de denúncia do abandono e opressão no qual a comunidade é submetida.
Sem aviso, um menino negro com uma roupa já bem desgastada, faz um batuque no tambor iniciado lentamente e foi acelerando. Todos ali ficaram esperando o que estava por vir. Naturalmente havia se formado um circulo, de pessoas em pé, sentadas em cadeiras trazidas de casa, ou sentadas sobre a sandália.
No ápice da batucada, uma mulher de máscara, entra dançando no ritmo imposto pelo menino. Ela gritava:
Liberdade! Liberdade!
Mãe Liberdade somos teus filhos,
Filhos roubados de ti após o parto
Sem teu colo não posso mais ficar
Oh, Liberdade minha mãe
Ou me toma em teus braços
Ou não posso mais viver...
Subitamente o menino parou de tocar o tambor, e a mulher desfaleceu-se no chão.
Olhos arregalados, boca aberta, e lágrimas escorriam no rosto de alguns. Aquele momento despertou sentimentos adormecidos no peito dos adultos, e fazia florescer novos anseios naqueles jovens.
Mais pessoas chegavam ao pé da fogueira, todos atentos ao que estava pra acontecer. Uma menininha com toda perspicácia do ímpeto infantil falou: ‘É professora Madá! Pai ajuda ela!’. O homem sorriu e votou  olhar a mulher no chão.
Da caixa amplificada começa a tocar um fundo musical tão calmo quanto uma brisa matinal. E eis que surge uma menina dentro de um vestido azul marinho cantarolando com uma voz tão meiga, tornando-se um afago aos ouvidos dos presentes.
Com um olhar tão triste e choroso, a menina  olha para a mulher deitada ao chão e grita com uma voz aguda:
- Filha minha!
Cada fala causava as mais diversas reações no público:
- Como pode uma criança ser mãe dessa mulher, acho que eles erraram- disse uma senhora com a netinha no colo.
A cena seguia. Agora sentada no chão e com a cabeça da mulher no colo a menina falava:
Minha filha
O tempo passa tão rápido pra vocês
Eu vim,
Você me chamou,
Eu vim
Não suportaste minha ausência
Como tantos outros por ai.
Pena filha minha
Que de todos os meus filhos
Somente alguns sentem minha falta.
Esse mundo cão
Tira de vocês a essência de existir.
Sente meu cheiro,
Meu peito pulsar,
Sinta minha vida em ti.
Ao fim das palavras da menina, a mulher se recompôs ficando sentada ali mesmo, recebeu um beijo na testa. E viu a garota se afastar, saindo de cena.
- Ela ficou sozinha de novo!- Alguém exclamou.
Nessa hora, retomou-se o batuque. A mulher levanta-se lentamente e desfralda outros versos:
Nessa terra que me deito
Ninguém mais vai me pisar
Dessa terra que eu planto
Ninguém vai me arrancar.

Levanto-me pelo que acredito
E acredito em você irmão
Em você irmã
Dirigindo-se aos expectadores, pegou na mão de uma senhora que estava de pé observando, e de um rapaz, levou para o meio da cena e continuou declamando falando intimamente para os dois:
Acredito na Senhora que me trouxe aqui
Em ti, que continuará na luta futura.
De joelhos ninguém pode ficar
A mãe Liberdade não envelhece,
E temos que forjar o momento dela nos encontrar.
O nosso caminho
É nossa responsabilidade.
Naquele instante a mulher tirou a máscara, era Madá, com dissera antes a garotinha. Madá gritou:
- Repitam comigo: O nosso caminho é nossa responsabilidade!
Agora não era mais ensaiado, mais tudo bem feito num compasso sem igual todos repetiram a frase três vezes.
Era o fim da cena inicial do sarau. Muita poesia e historias ainda estava por vir, tudo feito pelas mãos da juventude do bairro.

Como aquilo mexeu com a comunidade! Todos ficaram extasiados. Madá não se aguentava de tanta felicidade. Ela acreditava na arte como um instrumento de emancipação popular.

sábado, 21 de julho de 2012

Quando falta energia


De uns tempos pra cá, todos em Altamira, tem reclamado em coro das constantes faltas de energia.
Para uns o não fornecimento de energia elétrica causa prejuízos financeiros. Ou porque dificulta/impede relações comerciais, outros porque acabam tendo seus eletrodomésticos queimados.
É indubitável  que a cada falta de energia, durante todo aquele período, a dinâmica de via das pessoas alteram consideravelmente.
Nesses consecutivos apagões que acontecem a noite percebi algo: as famílias uniram-se mais.
À luz de velas sentaram n sala, na cozinha, em frente de casa e conversaram sobre os mais diversos assuntos. Desde os mais importantes aos mais banais.
A apropriação da eletricidade pelo homem ocasionou no avanço das forças produtivas, e num acelerado desenvolvimento tecnológico.
Todas as tecnologias são dependentes da eletricidade, e na falta dela não funciona, salvo àquelas sustentadas por baterias: celular, notebook, etc.
Sem a Televisão e outros aparelhos capazes de dissipar toda união, célula-mãe da família, todos se voltam uns para ou outros.
Numa dessas, presenciei um pai contando suas aventuras de infância aos filhos. Naquele instante percebi que estava contemplando um momento raro nos dias de hoje.
Com certeza aquele momento será recobrado nostalgicamente num futuro distante na mente daquelas crianças. Não pela ausência da energia, mas pelas histórias do pai, do momento de afeto e carinho.
Não é pretensão minha mudar a ideia de alguém em relação às consecutivas falta de energia. Mas, única e exclusivamente atentar para o impacto negativo que a tecnologia tem sobre o seio familiar.
Entendam-me! Jamais ousaria dizer não às tecnologias, sobre tudo aos meios de comunicação. No entanto, como tantos outros, alerto para o uso indiscriminado desses instrumentos.
Como diz o refrão popular ‘a diferença entre o remédio e o veneno é a dose’. Torço com muito fervor para que não seja necessário faltar energia para as famílias conversarem, unirem-se.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Menina-mãe


Te vi tão pequena
Embalando uma boneca
Fingindo ser mãe
Fazendo a nenê tirar soneca.

Agora,
Não é mais uma boneca
Deixou de ser brincadeira
Com uma criança no colo
Dando mamadeira
Não é mais diversão.

O pai da brincadeira
Não ficou pra obrigação
Nos braços uma criança
Nas costas muita responsabilidade
Requerendo-lhe muita maturidade
Muita coisa pra pouca idade.

Clama a criança por uma atenção
Clama a mãe pra alguém estender a mão
Falta leite, a fralda
E vem a desnutrição.

Pobre menina-mãe
Muitos dedos lhe apontando
Julgamento exacerbado
E muitos sonhos frustrados.

Pulou uma etapa
Mas essa não dá pra saltar
Escarnecida ou não terá que aguentar.

Vejo-te menina
Bruscamente transformada em mulher
Metamorfose que nenhuma outra quer
Mas que as atitudes
Lhes pegam pelos pés.

domingo, 15 de julho de 2012

Noites Frias


Quanta ironia, eu me sentindo solitário aqui neste quarto. Lembro-me que antes exaltava-me por gostar de está só, mas nunca havia estado sozinho. Quando a conheci sempre procurava uma forma de ficar só, pois ficar sozinho era estarmos apenas nós no nosso mundo secreto. Mas somente hoje percebi o que é está sozinho de fato.
A solidão é uma eterna noite fria, descobri isso nesse exato momento, sentado na cama onde outrora nos despimos de nossas roupas para nos cobrirmos de amor. De tudo vivido entre nós, restou-me uma fotografia e as estrelas como companhia. Resumidamente, só as lembranças ficaram.
Pra quê lembranças? Eu só queria na verdade ou tê-la novamente ou esquecer toda parte da minha vida no qual ela estava presente. Não quero ficar só com as lembranças, elas são punhaladas covardemente deferidas no peito de um pobre indefeso. Uma amnésia seria bem vinda, não sentiria tanta dor, assim não acertaria este endereço de hotel, as músicas não viriam ao meu ouvindo como se fosse a voz dela sussurrando baixinho o meu nome.
Devem está se perguntando quem é ela. Dizer que é uma linda jovem de 26 anos, chamada Sol, é muito sucinto. Mas o importante é todos saberem que ela se tornou verbo pra mim, de um modo avassalador entrou na minha vida, passou a fazer parte de todos os meus planos, na verdade ela era todos os meus planos do principio ao fim. E partiu do nada. Nenhuma mensagem de adeus, nada. Uma mensagem de despedida no celular, no face, ela tinha tantas forma para dizer adeus, mas preferiu a mais dolorosa, o silêncio.
Agora vago tristonho nessas vielas diariamente, por entre os vagabundos, para chegar a este quarto onde nos encontramos por diversas vezes. Venho aqui, porque esse quarto exala o cheiro dela, é muito real, há momentos de ter a sensação de vê-la sorrindo, fazendo aquela cara capaz de me deixar totalmente rendido.
Quanta solidão meu Deus! Como sair dessa? Tudo que tenho é uma foto e milhares de lembranças. Não quero isso pra mim, descobri que na verdade nunca quis ficar sozinho, eu não tinha ninguém pra sentir a ausência.
Do quarto vizinho, ouço Zeca Baleiro cantando Telegrama, vou me deitar, quem sabe eu durma e quando acordar aconteça comigo igual ao cara da canção.

Não é invasão é ocupação


- Quanta gente filmando e fotografando nós, tamo até parecendo famoso. - Fala Rosana à sua mais nova amiga.
- Só que nós vamo aparecer no jornal como criminoso, eles num tão aqui pra ouvir o nosso lado, tão aqui pra registrar um crime. - Responde Josi,a amiga.
 Quando as duas mulheres resolveram fazer parte do grupo que ocuparia uma área desocupada nas margens de um bairro periférico, não mensuraram o tamanho da pressão que receberiam quando o reclamante da posse da terra aparecesse.
Ninguém escolhe ser chamado de invasor, as circunstâncias obrigam cada um se arranjar como pode, se adaptar. Rosana, mãe de três crianças, solteira, trabalha como doméstica para receber no fim do mês um mísero salário mínimo, mais o bolsa família no valor de cento e vinte reais. Ela sempre morou de aluguel, numa pequena casa na periferia de Altamira, nunca se reclamou da vida por nada, sempre foi à luta. No entanto mês passado a dona da casa falou que aumentaria o valor do aluguel. Ela se assustou:
- Trezentos reais? Eu só pago cem reais por mês e agora vai para trezentos?!
A proprietária com muita calma explicou que o valor do aluguel estava caro por conseqüência da procura, tinha muita gente chegando à cidade. Rosana já sabia desse aumento dos aluguéis na cidade, mas não imaginava que poderia lhe afetar, afinal ela mora num bairro afastado, longe de polícia, de hospital, longe de tudo. Dona Lúcia, a proprietária deu o ultimato: ou paga o novo valor ou terá que desocupar a casa. No dia seguinte Rosana saiu à procura de uma nova casa para alugar, mas depois de algum tempo ela percebeu que não havia placas de aluguel, e nas poucas que tinha, ouvia sempre um valor exorbitante.
À noite, uma vizinha, dona Josefa, foi lhe visitar e durante a conversa sobre sua saga à procura de uma casa para alugar, dona Josefa falou:
- É por causo da barragi muié, essa cidade tá um inferno, pobre aqui num pode viver mais. Deixa eu ti falar uma coisa, o filho da dona Maria do João tá juntando um povo pra invadir aquele terreno ali no fim do bairro, lá cabe muita gente, ele só quer gente que num tem casa mesmo. Mas que imediatamente Rosana foi à procura do filho de dona Maria do João e pediu pra ir junto na invasão.
- A partir de agora não fale mais invasão, é ocupação. - Disse o homem.
Como combinado, às seis da manhã de uma quarta-feira de Julho, homens e mulheres, seguiram rumo ao terreno munidos de facão, foices e enxadas. Lá chegando foram desbravando o matagal, enquanto alguém tratava de ir dividindo os terrenos.
Agora em plena nove horas da manhã estão todos cercados por repórteres e policiais, e alguém com uns papéis na mão dizendo ser o dono da terra, mesmo a cidade toda sabendo que aquele terreno sempre foi da prefeitura.
Com lágrimas nos olhos, Rosana se pergunta se vale a pena passar por aquilo tudo, ouvir que vai ser presa, ser tratada como criminosa. E a resposta era sim, se não fosse dessa forma ela não conseguiria dá um teto à seus filhos. E num ato espontâneo gritou que não arredaria o pé até que mostrassem o documento de reintegração de posse.
- Terra para quem trabalha! – Gritou Rosana.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Minha Senhora Presidenta


Minha Senhora,
Dona Presidenta
Que outrora
Alimentava a esperança dessa nação sedenta
De uma atenção provedora.

Confiamos no teu falar,
E do teu antecessor
Que a todos discursou
Reconhecendo com pesar a dívida que o Estado tinha com nós.

Lhe pergunto,
Diz-me o que aconteceu
Será se a Dilma de antes morreu?
Não é mais gente que importa
Mais sim garantir outras portas
E em outros interesses transitar.

Enquanto isso,
Continuam os atingidos
Um povo cada vez mais sofrido
Sem ter direitos garantidos,
Mas ainda unidos.

Minha Senhora Presidenta
O povo está que não se aguenta,
Chega de tanta traição,
Nós carregamos nas costas essa nação
Que faça sol ou não
Nós garantimos a plantação
O arroz, o feijão,
Sustentamos o nosso filho e o patrão
Também precisamos de proteção.

Por que só eles?
Eles já são ricos demais,
Tem dinheiro que não sabem o que faz.
Garanta nosso reconhecimento
Antes do enchimento
Do próximo lago que está por vir.

Nesse Brasil há muito atingido
Tudo povo sofrido
Agora a Senhora também faz parte dessa opressão.

Minha Senhora Presidenta
O que direi aos meus?
Que agora nos esqueceu?

Era só um decreto
Nossa conquista histórica
No fim, tudo retrocedeu
Nossa pequena munição
Que pra burguesia a Senhora deu.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Nosso Crime


Andar de cabeça erguida
Mesmo nessa vida sofrida
Semear o amor
Onde a elite já desmatou.

Pensar contra o padrão vigente
Questionar o desenvolvimento demente
Tornar-me um delinquente
O antídoto para as mentes doentes.

Enxergamos a repressão atual
A tortura não é mais no pau-de-arara
É estampar trabalhadores na página policial
Ser apontado como a nova face do mal.

Ser homem, ser mulher
Ter e ser o que sonha
Ter a identidade que quiser
Forjamos a liberdade
Mantemo-nos de pé.

Denunciamos crimes e alienações
Não cedemos a chantagens, extorsões
Lutamos pelos explorados
Resistimos pelo povo
Por isso somos criminalizados.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Vento e Vendaval


Vejo pássaros cantar
Voar pelo nosso céu
Pipas presa a um carretel
E cá embaixo,
Muitas  fitas.
Olhares presos,
Pensamentos iguais à pipa,
Mas a letra da vez
Não é saber como ou pra onde voar
Não há destino
O certo é todos pegarem carona nesse tufão.
Quem pensa viaja num vento leve,
Na brisa,
Como uma leve pluma.
Quem deixa pensarem por si
Vai de vendaval,
Torna-se o vendaval.
Abdicar de seus  princípios
É um suicídio moral.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Banho de Povo


Sentir num olhar
toda verdade escondida,
enclausurada pelo senhor de plantão.

Saber que a dor faz calar
que a servidão faz perder o sentido de amar
que o sol que brilha para alguns
queima a pele de tantos outros.

Ler um sorriso espontâneo
Entendendo o quanto é simples ser feliz
mas, compreender que não é fácil ser simples.

Perceba que nos falta tanto
mas, sobre tudo a liberdade,
ela é borboleta extinta do nosso jardim.

Nesse ritual de purificação
empreguine-se dessa essência
que exala perseverança,
da alma desse povo lutador.

Banhe-se de povo
e verás com nossos olhares
e serás sensível a um abraço acolhedor.