domingo, 30 de setembro de 2012

Boa Noite!


Boa noite!
Bom ouvir tua voz,
Mas precisava dela por completa
Sussurrando a meu ouvindo
Acompanhada de tua respiração
O calor de teu corpo
E o toque de tua mão.
Preciso dessa sensação
Desencadeando outras ações,
Nossos encontros de olhares em relance
Como se estivéssemos lendo o desejo de cada um.
Nós bem juntinho
Eu contemplando o paraíso:
A visão sublime de teu corpo nu.
Boa noite!
Precisamos nos encontrar
A tecnologia ajuda, mas nos separa
E minha sede de ti não para
Ela não permite eu ti abraçar.

Pulso


O pouco que pulsa
Expulsa a apatia
E exprime alegria
Do ato de lutar.

O sangue corrente
Movendo a gente
Irriga a semente
Plantadas a unhas e dentes.

Na circulação
A pretensão de novas artérias
Necessitando de novos corações
Para ritmar o movimento
Que gera vida
E dá sentido ao pulso do corpo.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Eu, verbo


Meu verbo é feito irídio
Sua conjugação é muito pesada,
O único conjugável em meu ser.
Feito enxada cega
Que sem corte sai arrancando tudo:
Certezas mal plantadas,
Dogmatismo daninho
Incapaz de criar sequer espinhos.
Verbo superlativo
No pronome participativo
Sentindo o sangue pulsar
Reajo, pois sou sujeito composto de coragem
E sem viagem
Com os pés firmes no chão
Planejo um futuro num presente incerto.
Eu, verbo conjugado
Pego-me em oração
Sem ataques, agora em súplicas e devoção
Forjando o tempo de minha própria conjugação.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Menina


Não me deixe sem jeito
Não me deixe sem chão
Aqueça meu corpo
Não solte minha mão.

Menina atrevida
Tu me fazes delirar
Rouba meus pensamentos,
Sem perceber aprendi a ti amar.

Completa-me o teu jeito
Caricata de encarar
A seriedade da vida
Sem deixar a alegria dissipar.

Menina tu fazes meu coração acelerar
Respiração ficar ofegante
Com uma súbita vontade de ti beijar.

Teus sonhos me faz viajar,
Teus olhos de encantar
São lâmpadas noturnas
Candelabros sacros prontos a me abençoar.

Estado verbal


Estado continental
Onde o pistoleiro a mando do grileiro é o tal
Descanso de trabalhador é o funeral
Do companheiro assassinado
Aos lamentos lado a lado
Pensando no passo que irão dá.

Terra cultivada por quem a necessita
Pertencente a quem lhe explora.
No cercado há quem grita
Geme e chora,
Quem planta uma nova forma de pensar.

Pensar criminoso,
Um ato plenamente doloso
Em tempos de primavera,
E só temos duas estações
E está são é não pensar.

Nesse estado de imensidão
O mal ti sorrir estendendo a mão
Ou se ajoelha em reverencia
Ou dá as contas pro patrão.

Pistoleiro, patrão
Estado e servidão
Capitalismo, exploração
Substantivos ou verbo a todo tempo em conjugação?

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Vida Maratona


Vejo a transformação diária
Como uma mutação pulsante
Delírios incessantes
Num desejo sem fim.

A largada da maratona
Totalmente sem ordem
Sem inscrição clara dos participantes
Uma competição voraz,
Todos contra um
Ou serão uns poucos contra todo o restante?

Sem paz
Tão pouco um às de trunfo
Prevalece o império
Alimentado com suplementos
É o pobre amador
Amando, com dores e sem alimentos.

Enquanto um transpira suor
Milhares jorram sangue
Sem reservas
Esvazia-se o estoque
E no disparo de partida
Ali mesmo finda a vida.