sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Mãos que gritam


O silencio é rompido por gestos
As mãos bailam ao vento
E de maneira sublime
Gritam: Inclusão!

A mão do afago
É a mesma mão do punho cerrado,
A mão do ‘te amo’
É a mesma do ‘olha pra mim’.

Somente postas abertas não bastam
É necessário entrar onde quer que seja
E ter condições para permanecer.

O que falta em palavras
Sobram em coragem
Em determinação para dizer em ações
(literalmente)
Amar ao próximo é não se entregar às correntes da exclusão.

E as mãos gritam:
Segregação nunca mais!

E o amor flui no olhar esperançoso de quem se reinventa cotidianamente.

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Mel da fruta


O gosto
Que eu gosto
É da fruta
Melada de mel.

Fruta quem vem da terra
Terra sem cerca
Terra com nascente de imenso rio.

O gosto do toque nos lábios
Do mel escorrendo da fruta
Lambuzando corpo e lençol,
Nada como a fruta melada de mel sujando o altar.

Fruta
Oferenda

Aos deuses do prazer, do encanto do outono.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Trago Sorvete


Ainda faço desse calor infernal
Um belo pretexto
Para roubar-te um beijo
E livrar-lhe dessas roupas quentes que ti fazem suar.
Trago sorvete para refrescar as tardes
E para evitar um choque térmico
Tens meu corpo
Para a temperatura no teu ficar amena.
Desejo apenas seu bem,
Desejo...

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Reflexão


As vozes gritam dentro de mim
Cortando veias
Fazendo labirintos na carne frágil
E corro
Na direção de quem não sei se serei um dia.
As dúvidas fazem redemoinhos
E dá calafrios
Pensar é um perigo constante
Não pensar é um suicídio.


Eu lírico


Eu:
Tímido
Professor de matemática,
Trabalhador classista.

Lírico:
Expressão de sentimentos em um gênero literário.

Eu lírico:
Dono
Das fantasias que crio
Das dores que nunca senti
E até dos prazeres que nunca terei.

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Saga do prazer


Fim de tarde 
O sol se pondo, 
Adentram a casa
Um homem e duas mulheres.
Pelas frestas das madeiras, o sol saliente invade a residência.
O trio
Se olham
Comentam coisas banais para quebrar o gelo.
As mulheres de pele branca
Cabelos pintados
Uma de cabelos tão alaranjados quanto o sol se pondo.
A mulher de cabelo curto 
Dona da casa abre a geladeira e tira uma garrafa de vinho
O homem ajuda a servir.
Com as taças de vinho nas mãos
Pensamentos sincronizados,
E olhares derrapando um no outro.
As mulheres se aproximam
Triscam-se e se atraem feito ímã.
Vestida de blusa e saia florida
A mulher de cabelos alaranjados beija a outra
Que traja uma blusa longa e uma bermuda minúscula,
O homem, atento, observa cada gesto.
Os lábios sem batom tocam um no outro como se estivem famintas,
As mãos correm pelos seus corpos.
Já não é o sol que invade as frestas da madeira, mas a luz da lua,
No dvd toca Zeca Baleiro.
Ao som de versos perdidos
As roupas vão ao chão ainda na sala.
Estão de pé 
A de cabelo curto no meio dos dois, sendo beijada, amada, desejada.
A lua ilumina a floresta lá fora
Dentro de casa a chama dos corpos guiam os três ao endereço do prazer.
Dedos, línguas, saliva, fricção, penetração, gemidos, apertos.
Toda brisa do mundo sobre os três
Gozar é uma viagem à liberdade
Na hora do crepúsculo
Os amantes se jogaram nessa estrada tênue
Onde nenhum era digno de ser dono ou posse
Mas de serem iguais e opostos

Dignos do extasie sexual.

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Entre a estrela e o poeta



As estrelas guardam segredos em seu brilho,
O poeta cria segredos em versos.
As estrelas brilham para serem contempladas,
(não sei se podem ser tocadas)
O poeta escreve desejos em versos
Para o leitor viajar procurando a fonte da inspiração.
Entre a estrela e o poeta
Há uma íntima relação,
Um existe pra ser admirado
Outro pra aguçar a imaginação.

Numa constelação híbrida
De loucura e lucidez
Brincam entre si

E fazem o mundo sorrir.

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

O beijo da lua


Noite nublada
Tempo pra chuva em pleno verão.
A margem esquerda do rio
Sopra vento e causa arrepio.
Palavras ditas ao pé do ouvido
Informações desnecessárias
Apenas pretexto pra sentir o cheiro da pele luminosa que desperta sede. 
A lua surge linda no céu
Invejosa
Brilha de forma deslumbrante
Para ofuscar a estrela ao meu lado. 
Majestosa
Tentação
A maçã perfeita
Que faz qualquer paraíso tornar - se perdido. 
A lua
Inventa de beijar o rio
O Xingu, nervoso
Fica corado
E o público assistindo aquele namoro
Maravilhado.
E a estrela ao meu lado brilha
Sutilmente
E a noite é só o berço de sonhos ocultos.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Feliz dia do sexo


Nanhá
Furunfar
Tirar o atraso
Fazer unha
Ajoelhar na grama
Meter
Dar uma
Brincar de médico
Brincar de casinha
Pentada
Trepar
Girar a maçaneta
Amassar o capô do Fusca
Fazer “aquilo”
Dar uns fights
Dançar mambo na horizontal
Comer o fruto proibido
Dar uns pegas
Dar uns amassos
Dar
Comer
Tirar “uma”
Queimar a Rosca
Pular a Cerca
Fazer papai e mamãe
Nheco-Nheco
Quebrar a cama
Virar o Zói
Foder
Transar
Fazer amor
Não importa o nome
Mas fazer sexo gostoso
E que o prazer seja garantido à todos e todas nessa relação divinamente humana.

Esse corpo

A Flor

Dentro desse corpo
Um mundo
Toda essa pele
Terra
Que jamais será latifúndio
E nem colônia
De fundamentalistas podres.

Dentro desse corpo
Uma Deusa repousa
Mas desperta ao toque
Do desejo,
Brilha sob a lua.

Dentro desse corpo
Segredo
Gritando
Em voos livres
Em páginas abertas de um livro milenar.

E esse corpo
Não se resume em si
Mas na complexidade de ser mulher.

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Taça de vinho tinto


Brinca
Com minha mente
Atiça o fogo em leve chama
Aguça meu desejo
Afronte a timidez que me amordaça.

Em terreno fértil
Qualquer semente é colheita certa.

Inebriado
Pela fantasia impossível
Esbarro
Em alucinação
Beijando cada milímetro  desse corpo inflamável.

Continua
Atiça vai
Brinca com meu desejo,
Depois foge
Fingindo inocência.

Taça de vinho tinto.

Temer Jamais!!!



Michel Teló
Sim
Temer
Jamais.

MICHELangelo
Genial
Temer
Jamais.

Michel Bastos
Bate bolão
Temer
Jamais.

Michel
da Luz
Temer
Das trevas
E pra não deixar dúvidas,
Jamais.

Michel
Rios
Temer
Jamais.

Michel
Foucault
Temer
Jamais.

Saint-Michel
Temer
Jamais.

Michel Gondry
Temer
Jamais.

Michel Montaigne
Temer
Jamais.

Para cada Michel
Uma arte, uma ciência.
Temer a arte do golpe.
Por esse motivo
Fora Temer
Temer jamais.

sábado, 3 de setembro de 2016

A raiz


A cerca é a raiz do conflito.
Proteger
Os povos
Ou o mercado,
A natureza
Ou o capital?

O Estado
Em estado
De subserviência mercantil
Entrega florestas
Os rios
Quem está no meio é empecilho.

Em veias expostas
E sangue jorrando
Índios
Quilombolas
Ribeirinhos
Pequeno agricultor
São atrasos
E nesse caso
A legislação resolve
E se o problema persistir
O capanga e seu revolver
Vem à galope
Fazendo barreiras diluir.

O isolamento transforma
O que se foi outrora
Vira apenas história de antes de dormir.

A cerca segrega
(Des)mata.

Lembrando
A raiz é institucional
Legal.

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Ode ao Amado de Pitá


Na noite passada tive um sonho
Mas pensa num troço tenso e medonho,
Eu tentava acordar
Mais aí é que a trama danava em se enrolar.

No sonho
Eu estava numa cidade governada por um ditador
Era algo estranho
Pois em plena democracia
Imperava os desmandos de um tal Doutor.

A criatura
Filhote da ditadura
Tinha sido prefeito-interventor indicado por um general
Naqueles tempos sombrios era ato normal.

O país se democratizou
Mas o dito Doutor
Não inventou firula
Continuou com sua ditadura na cidade do intetior.

Até hoje ele é prefeito
De vez enquanto sai, dá um descanso
Mas volta no próximo pleito
Pensa num sujeito
Que em manter o poder é manso.

No sonho era época de eleição
A cidade em rebuliço
Até parecia que havia chuva de corisco
Por aquele chão.

E adivinha...

O danado queria se reeleger
Viciado em abusar do poder
Obrigava os funcionários da prefeitura
Acreditem, na cara dura
Fazer campanha pra ele.

Não dispensava ninguém
Professor, diretor, servente
Secretário, coordenador ou assistente
Findou o expediente
Todos de santinho na mão
Eram obrigados a ir de casa em casa
Dizendo
- Vote no Doutor, ele merece reeleição.

E não adiantava dizer que ia
Os assistentes do ditador insistia
- Ou vai ou será demitido!
E como ninguém é doido varrido
Imagina o que acontecia...

Era tamanha a opressão
Que todo cidadão
Se trabalhasse na prefeitura, não importasse a repartição
Teria que vestir vermelho.

E  no meio disso tudo
Havia quem gostasse com louvor
Afinal se empanturravam na rebarba do Doutor.

Os puxa-saco do ditador
O bajulavam sem pudor
Pintavam até o cabelo de vermelho
Pra mostrar que era incondicional
O apoio ao Doutor do Mal.

E nessa hora o bicho pegou
Queriam me obrigar a pintar o cabelo
Com a cor preferida do ditador.

Subi num palanque na praça
E o povo fingindo achar graça
De todo aquele desmantelo
Gritei: abaixo a ditadura
Me joguei daquela altura

E num susto me acordei do pesadelo.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Sobre Amar


As vezes parece que AMAR
É só um verbo conjugado incansavelmente
Nas aulas de Língua Portuguesa das séries iniciais.