terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Louca


Num delírio ardente
Arranca a roupa
(Minha e dela)
Abre-se
E me recebes feito louca
Toma-me feito seu objeto
Arranha-me
Mastiga-me
Saliva-me
Chupa-me

A tesoura
Não corta,
Fricciona,
Leve
Forte
Segundo sua vontade
Meu prazer?
O prazer dela.

Na próxima estação



Para  minha Princesa Aline Vitoriano

O caminho até a felicidade
É uma escalada
Ao topo de uma montanha íngreme,
Para quem não entendeu:
É simples ser feliz.

Observo as flores no jardim de casa
Todas lindas
Todas desiguais.

Os risos
Nos rostos das pessoas
Estampam muitas vezes uma alegria pálida.

Os dias seguem
Mas preciso dizer-te agora
Que necessito imprescindivelmente de teu olhar
Brilhando num riso inocente
Igual a quando era apenas minha bebê,

Na próxima estação

Só haverá amor para colher.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

O Natal Cristão



Na escuridão da perseguição
Abrigado num estabulo
Sob a proteção de um carpinteiro e uma jovem mulher
(Seus pais terrenos)
Ele nasceu
No seio da humildade,
E a estrela brilhou no céu,
Era Natal,
Era Deus iniciando sua jornada peregrina entre os esfarrapados.
Sua vida
Foi testemunho
De humildade,
Fraternidade,
Amor,
Justiça.
O Natal Cristão
É a celebração do nascimento do menino Jesus
Santificado naqueles
Que defendem a vida

E lutam por uma sociedade onde impere a liberdade, a paz e a comunhão.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Vida loka é quem não mata nem morre




O dedo no gatilho assassina, 
Atenção não vacila na esquina! 

No corre 
Do corre 
Vida loka 
É quem não mata nem morre. 

Mas nesse mundo que vive de porre 
Os garçons da violência 
Hora ou outra ti empurram um gole, 

Uma faca 
Ou pistola 
Assalto 
Ou estupro 
Ou na base da canetada 
A violência é servida 

A diferença é o efeito 
De umas, você sangra na hora 
Outras morre à míngua a espera de um leito. 

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Dê uma bem dada


Não tire a roupa,
Arranque.
Não beije
Morda, mastigue, salive, engula.
Não entre ou meta
Invada,
Sem portas,
Se abra.
Sem silêncio,
Grite
Geme
Sussurre
Xingue
Chame Deus.
Sem limpeza,
Sue,
Goze,
Lambuze.
Dê uma bem dada.

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Música: PRETA



Letra: Vitoriano Bill
Melodia: Wanderley Silva Santos
Interprete: Wanderley Silva Santos



As ruas lotadas de gente dispersa 
Todo mundo na pressa
Sem saber aonde chegar 

Eu olho pra frente 
E nenhuma dessa gente é você 
Não sei mais o que fazer pra ti encontrar

Lembro naquela noite 
Na roda de carimbó 
A saia rodava alto
E nós dois num passo só 
A lua cheia 
E a fogueira 
Foi quem clareou 
O encanto de todo nosso amor. 

No fim da noite 
Você desapareceu 
E sem o toque do tambor 
Todo nosso encanto então se findou 

Preta quero ti encontrar e repetir aquela nossa noite de luar 
Oh preta
Preta Filha do nosso Xingu 
Imagem perfeita esse teu corpo nu 
Mas não sei o que faço para ti encontrar 

Quem dera igual aos meus sonhos possamos dançar juntinhos

Preta
Vago pelas rodas de carimbó 
Tanta cabocla linda 
E eu dançando só

Mas nenhuma se compara com o brilho e a beleza que tu tens
Só o Xingu

Rio de águas verdes meu bem.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

De saco cheio de ilusão


O céu borrado
O rosto molhado de tanto chorar
De lástima em lástima
A pobreza se alastra e a riqueza se concentra, guardada no bolso de poucos.

O céu é o teto do mundo
Mas o ensinamento da regra do jogo diz: “Para ter direito a sombra tem de se sacrificar”
Então como explicar um sem-teto que se mata de tanto trabalhar?

De batalha em batalha
De tostão em tostão
Compramos a ilusão
De que se acreditamos um dia vem a redenção.

De saco cheio de ilusão
Nos diluiremos em fermento na rebelião
Como não repartem o pão, tomaremos à assalto o que é fruto de nossa produção.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Um tarde eterna



A tarde de hoje parece um mês.
Procuro matar a lentidão do tempo
Mas ela é forte e persistente
Um segundo demora um dia pra passar.

Escrevi frases na minha parede,
Preces aos santos
Rogando forças pra sobreviver.

Não chove, não esfria
Para eu dormir.
De olhos abertos vejo tudo
Inclusive o que não existe e me assombra.

Tua ausência fere
Feito gilete

Dançando nos meus pulsos ao som de uma valsa.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Grito

Grito
Pois o silêncio já não me basta
E mesmo em silêncio
Grito nas profundezas de mim.

Grito
Para quebrar as cordas
Que aprisionam, que açoitam.

Grito
A dor pungente

Grito
Pois minha carne sangra
As dores do passado e o peso do futuro.

Grito
Pelo pão
Por um pedaço de chão
Para não ter acesso somente aos produtos do lixão.

Grito
Contra o anjo da morte
E em dias densos demais, grito até pela sorte de encontra-lo logo na próxima esquina.

Grito
Resisto
Luto
Grito.

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Amo-te Filha


Nascer todos os dias
Deve ser a magia de qualquer se humano.
Olho-te
E avisto cada renascimento teu.
Sair do casulo
É uma metamorfose que passa por noites longas,
Esse é o seu momento de passar por essa etapa.

Receba os amores
Expurgue as dores
E sinta a leveza de ser feliz pelo fato extraordinário de estar viva.

Amo-te filha
De tal forma que sinto o céu perde o sentido se teu semblante estiver triste.

Ame
Infinitamente
E cative o que lhe faz verdadeiramente bem.
Ame.
Amo-te.
Viva!
Viva cada tempo em seu tempo,
Viva os 16

E terás longevidade e sentirás que todo dia é primavera.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Onde Deus habita



Deus criou o céu e a terra
E disse “que exista luz!”
E assim houve o primeiro dia!

Deus disse
“Que exista um firmamento no meio das águas para separar águas de águas! ”
O firmamento foi chamado de “céu”
E assim houve o segundo dia!

Deus disse que as águas se ajuntassem num só lugar
Para que aparecesse chão seco.
Ele chamou o chão seco de “terra”
E o conjunto das águas de “mar”,
Assim houve o terceiro dia.

Para separar o dia da noite
Deus criou dois luzeiros no firmamento do céu
Assim sendo, dois grandes luzeiros:
O maior para regular o dia e o menor para regular a noite, e as estrelas.
Houve então o quarto dia.

Deus disse:
“Que as águas fiquem cheias de seres vivos e os pássaros voem sobre a terra, sob o firmamento do céu”.
E Ele os abençoou e determinou que fossem fecundos e multiplicassem.
Houve então o quinto dia.

No sexto dia
Deus fez com que a terra produzisse seres vivos,
Fez a s feras, os animais domésticos e os repteis do solo,
Cada um conforme sua espécie.
E então à Sua imagem e semelhança criou o homem e a mulher,
E determinou que fossem fecundos e multiplicassem.

No sétimo dia
Vendo que tudo era bom
Quis uma moradia especial no mundo
Então num riso de satisfação sublime Deus criou o Amor
O lugar onde Ele habita,
E nesse lar, Deus descansou de todo seu trabalho de criador.

domingo, 9 de outubro de 2016

Lugares Íntimos


No frio da madrugada
Houve invasão
Choque térmico
Chuva de verão.

Ao entrar na barraca
O rio parou para assistir
Dois corpos se despindo
No frio fazendo o suor fluir.

E como uma tela de Salvador Dalí
Tua pele branquinha
Inspirando lascívia
Tremendo no triscar de meus dedos
E a nuca se arrepia ao toque de minha respiração,
E te quero de mil maneiras diferentes.

Enquanto os lábios se tocam
Dedos massageiam tua fonte
O prazer vai brotando igual a semente plantada em lua crescente.

A língua alcança lugares íntimos em seu corpo
Desperta sabores adormecidos
Outros nunca ainda sentidos.

O gemido alto
A mão na boca para sufocar os sons acompanhados de espasmos
Pra ninguém lá fora escutar.

Invadir barraca
Invadir teu corpo
Teu desejo receber-me seu
E o rio lá fora nos espiando.

De costas para mim
Teus cabelos em minhas mãos
Entro sem pedir licença
Até bato na porta, mas não para avisar a chegada
Entro, e te sinto
Não mais com o paladar.

O frio da madrugada dá licença ao suor
A barraca inundada por nossos fluídos,
Te conheço
Me conheces
Transamos por pura satisfação de nossas fantasias.
Estrela,

Brilha ao gozar versos proibidos.

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Mãos que gritam


O silencio é rompido por gestos
As mãos bailam ao vento
E de maneira sublime
Gritam: Inclusão!

A mão do afago
É a mesma mão do punho cerrado,
A mão do ‘te amo’
É a mesma do ‘olha pra mim’.

Somente postas abertas não bastam
É necessário entrar onde quer que seja
E ter condições para permanecer.

O que falta em palavras
Sobram em coragem
Em determinação para dizer em ações
(literalmente)
Amar ao próximo é não se entregar às correntes da exclusão.

E as mãos gritam:
Segregação nunca mais!

E o amor flui no olhar esperançoso de quem se reinventa cotidianamente.

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Mel da fruta


O gosto
Que eu gosto
É da fruta
Melada de mel.

Fruta quem vem da terra
Terra sem cerca
Terra com nascente de imenso rio.

O gosto do toque nos lábios
Do mel escorrendo da fruta
Lambuzando corpo e lençol,
Nada como a fruta melada de mel sujando o altar.

Fruta
Oferenda

Aos deuses do prazer, do encanto do outono.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Trago Sorvete


Ainda faço desse calor infernal
Um belo pretexto
Para roubar-te um beijo
E livrar-lhe dessas roupas quentes que ti fazem suar.
Trago sorvete para refrescar as tardes
E para evitar um choque térmico
Tens meu corpo
Para a temperatura no teu ficar amena.
Desejo apenas seu bem,
Desejo...

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Reflexão


As vozes gritam dentro de mim
Cortando veias
Fazendo labirintos na carne frágil
E corro
Na direção de quem não sei se serei um dia.
As dúvidas fazem redemoinhos
E dá calafrios
Pensar é um perigo constante
Não pensar é um suicídio.


Eu lírico


Eu:
Tímido
Professor de matemática,
Trabalhador classista.

Lírico:
Expressão de sentimentos em um gênero literário.

Eu lírico:
Dono
Das fantasias que crio
Das dores que nunca senti
E até dos prazeres que nunca terei.

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Saga do prazer


Fim de tarde 
O sol se pondo, 
Adentram a casa
Um homem e duas mulheres.
Pelas frestas das madeiras, o sol saliente invade a residência.
O trio
Se olham
Comentam coisas banais para quebrar o gelo.
As mulheres de pele branca
Cabelos pintados
Uma de cabelos tão alaranjados quanto o sol se pondo.
A mulher de cabelo curto 
Dona da casa abre a geladeira e tira uma garrafa de vinho
O homem ajuda a servir.
Com as taças de vinho nas mãos
Pensamentos sincronizados,
E olhares derrapando um no outro.
As mulheres se aproximam
Triscam-se e se atraem feito ímã.
Vestida de blusa e saia florida
A mulher de cabelos alaranjados beija a outra
Que traja uma blusa longa e uma bermuda minúscula,
O homem, atento, observa cada gesto.
Os lábios sem batom tocam um no outro como se estivem famintas,
As mãos correm pelos seus corpos.
Já não é o sol que invade as frestas da madeira, mas a luz da lua,
No dvd toca Zeca Baleiro.
Ao som de versos perdidos
As roupas vão ao chão ainda na sala.
Estão de pé 
A de cabelo curto no meio dos dois, sendo beijada, amada, desejada.
A lua ilumina a floresta lá fora
Dentro de casa a chama dos corpos guiam os três ao endereço do prazer.
Dedos, línguas, saliva, fricção, penetração, gemidos, apertos.
Toda brisa do mundo sobre os três
Gozar é uma viagem à liberdade
Na hora do crepúsculo
Os amantes se jogaram nessa estrada tênue
Onde nenhum era digno de ser dono ou posse
Mas de serem iguais e opostos

Dignos do extasie sexual.

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Entre a estrela e o poeta



As estrelas guardam segredos em seu brilho,
O poeta cria segredos em versos.
As estrelas brilham para serem contempladas,
(não sei se podem ser tocadas)
O poeta escreve desejos em versos
Para o leitor viajar procurando a fonte da inspiração.
Entre a estrela e o poeta
Há uma íntima relação,
Um existe pra ser admirado
Outro pra aguçar a imaginação.

Numa constelação híbrida
De loucura e lucidez
Brincam entre si

E fazem o mundo sorrir.

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

O beijo da lua


Noite nublada
Tempo pra chuva em pleno verão.
A margem esquerda do rio
Sopra vento e causa arrepio.
Palavras ditas ao pé do ouvido
Informações desnecessárias
Apenas pretexto pra sentir o cheiro da pele luminosa que desperta sede. 
A lua surge linda no céu
Invejosa
Brilha de forma deslumbrante
Para ofuscar a estrela ao meu lado. 
Majestosa
Tentação
A maçã perfeita
Que faz qualquer paraíso tornar - se perdido. 
A lua
Inventa de beijar o rio
O Xingu, nervoso
Fica corado
E o público assistindo aquele namoro
Maravilhado.
E a estrela ao meu lado brilha
Sutilmente
E a noite é só o berço de sonhos ocultos.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Feliz dia do sexo


Nanhá
Furunfar
Tirar o atraso
Fazer unha
Ajoelhar na grama
Meter
Dar uma
Brincar de médico
Brincar de casinha
Pentada
Trepar
Girar a maçaneta
Amassar o capô do Fusca
Fazer “aquilo”
Dar uns fights
Dançar mambo na horizontal
Comer o fruto proibido
Dar uns pegas
Dar uns amassos
Dar
Comer
Tirar “uma”
Queimar a Rosca
Pular a Cerca
Fazer papai e mamãe
Nheco-Nheco
Quebrar a cama
Virar o Zói
Foder
Transar
Fazer amor
Não importa o nome
Mas fazer sexo gostoso
E que o prazer seja garantido à todos e todas nessa relação divinamente humana.

Esse corpo

A Flor

Dentro desse corpo
Um mundo
Toda essa pele
Terra
Que jamais será latifúndio
E nem colônia
De fundamentalistas podres.

Dentro desse corpo
Uma Deusa repousa
Mas desperta ao toque
Do desejo,
Brilha sob a lua.

Dentro desse corpo
Segredo
Gritando
Em voos livres
Em páginas abertas de um livro milenar.

E esse corpo
Não se resume em si
Mas na complexidade de ser mulher.

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Taça de vinho tinto


Brinca
Com minha mente
Atiça o fogo em leve chama
Aguça meu desejo
Afronte a timidez que me amordaça.

Em terreno fértil
Qualquer semente é colheita certa.

Inebriado
Pela fantasia impossível
Esbarro
Em alucinação
Beijando cada milímetro  desse corpo inflamável.

Continua
Atiça vai
Brinca com meu desejo,
Depois foge
Fingindo inocência.

Taça de vinho tinto.