segunda-feira, 31 de julho de 2017

VI



Perdidos
No meio
De tantos medos inúteis
Tantas certezas fúteis

Não somos nada
Além
Do que desejam que nós sejamos

E nossos sonhos
Tornam-se apenas adereços para acalmar nossa frustração.

Acordei hoje
Abraçado com a rebeldia
Tomei café no meio fio debaixo de umas árvores lindas e floridas,

Todo mundo me viu.

domingo, 30 de julho de 2017

V


Quem sabe
Nas linhas das tuas mãos
Há o mapa
Da calmaria do meu mundo

Quem sabe
A melodia do teu coração
Seja perfeita pra poesia que o meu declama

Quem sabe...
É só aparecer distraidamente uma hora dessas
Ficar para um café ou um chá
E deixar o tempo falar


Cansei do calor das bateria...

sábado, 29 de julho de 2017

Banzeiro no encontro dos rios

riosdeencontro.wordpress.com

Tocar
O vento
Com o movimento
Que o coração faz

E criar
Banzeiro
No encontro dos rios

Meninas andas sobre as águas
Meninos sonham em voos altos

Nos destroços de uma (in)civilização
Ergue-se esperança
Há futuro
Enxerguei tudo isso ao som dos tambores,
Dandara até sorriu.

p.s. Poesia em homenagem ao Projeto Rio de Encontro que eu tive o prazer de conhecer ontem (28/07), na comunidade Cabelo Seco em Marabá-Pa. Para conhecer esse projeto belíssimo acessem: riosdeencontro.wordpress.com

sexta-feira, 28 de julho de 2017

IV


Quanta solidão
Festejando a morte
Do afeto
Do abraço
De um olhar no olhar
Do calor humano
Assassinados por um
Touch screen

O mundo high-tech
Transformou pontes em muros.

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Sobre escolhas


Se eu tiver de escolher

Entre o amor e o ódio,
O Amor

Entre a concentração de renda e a partilha,
O Amor

Entre pontes e muros,
O Amor

Entre héteros e LGBT’s,
O Amor

Quando se opta pelo amor
O resto torna-se soneto
Nascendo no coração de uma poetisa popular

E dentro da métrica de cada verso
As diferenças se conformam
E assim, o que há de mais sublime na humanidade

Se manifesta natural como o raiar do dia.

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Poesia viciada


Minha poesia é viciada

Na veia injeta
Amor, paixão

Fuma
Afeto, delicadeza, compaixão 

Cheira
Desejo, tesão

E em estado de overdose 
Finda sempre
Jogado nas quebradas de teu corpo

Já tentei 

Mas minha poesia não tem reabilitação.

terça-feira, 25 de julho de 2017

segunda-feira, 24 de julho de 2017

II


Há 
Quem se abrigue no relento de teus olhos
E que repousaria bem

Num pequeno compartimento de seu coração

sábado, 22 de julho de 2017

Sábado tem cheiro de saudades

Sábados
Tem cheiro de saudades

Iniciam sempre com a mesma cor
E o sabor do café da manhã de minha avó

As folhas dos pés de manga
Caídas no quintal
Empurradas pelo vento
E pela vassoura
Até imitam a chuva

Sento
Abraçando minhas pernas
E ouço
Passos, assobios, panelas batendo
Sons de animais

Me enxergo correndo no quintal
Risonho e desajeitado

Num rádio à pilha
Toca Belchior
Embalando as viagens de um maluco beleza

As noites
Regadas à histórias de meu tio
Pego as estrelas na mão

Os sábados
Tem cheiro de família
Da saudade de minha mãe

Os sábados
Fazem o rio de meus olhos transbordarem...




sexta-feira, 21 de julho de 2017

Sinto...


Sinto

A cada instante que não te vejo
Desespero

Sinto

A cada dia findado
Teu sorriso se apagando de minha memória

Sinto

Pontadas constantes
Cortantes

Sinto

O chão de abrir

Acho que irei correndo te encontrar

Paracetamol
Não cura essa dor
Tarja preta nenhum
Me arranca os delírios

D(eu)lírico
Desfaço-me
Em poesia chorosa

Sem teus olhos-luz.

quarta-feira, 19 de julho de 2017

Indiferença aos gritos


As cidades gritam
Buzinas insistentes anunciam a pressa
Presos ao tempo
Escravos atentos
Por uma migalha de atenção

As cidades gritam
Os muros não fazem silêncio um instante

A indiferença
Silenciosa
Ganha espaços
Os nossos abraços
Acalenta a peste desse tempo

Talvez por haver tanto grito
Deixamos de escutar
Temos muito que falar e nada pra ouvir

Andei ouvindo esses dias

Há tantos suicídios em câmara lenta
GENTE AGONIZANDO NO PRÓPRIO VENENO

Ouçam
As cidades gritam

Tem alguém dormindo na calçada de sua casa.

domingo, 16 de julho de 2017

Visitei o abismo



Ontem
Cruzei a linha tênue delimitadora da sanidade

Joguei pedra na tua janela
Te amaldiçoei aos prantos e gritos
Toda tua vizinhança escutou

E, tu
Protegida por uma frieza homicida
Ignorou-me com classe

Caminhei
A esmo
Até encontrar
E integrar-me
A tantas outras almas perdidas da madrugada

E quando o sol
Já vinha viçoso esquentar esta dor até então incurável,
Com cacos de vidro
Cortei os pulsos
Não foi uma corrida rumo à morte
Foi somente uma forma de encontrar outra dor
Outra ferida pra me preocupar

Ontem
Visitei o abismo
E tudo lá tinha seu rosto

E resolvi voltar.

quinta-feira, 13 de julho de 2017

A história de uma donzela


O moço
Alto
Branco
De olhos azuis
Vestindo terno e gravata,
Sorriso brilhante
Conquistou a bela donzela

Promessas

Pairava no ar o futuro sonhado,
PROGRESSO,
Família feliz

Prosperidade

Mas num de repente
O amor, se foi...

O moço
Precificou
E mercantilizou
A donzela
Usou
Abusou
Fez sangrar
Gozou,
Inclusive na cara.

Violência

A donzela
Engravidou,
Pré-natal: espancamento diário,
Sobreviveu
À base de álcool,
Os bares das esquinas tornaram-se lar.

Dos bolsos do moço
Dinheiro jorrando,
O mercado de futuro tem seu nome
Seus filhos nem sobrenome

Concentração
                    De
                         Renda

Pobreza

Trampo nos canteiros
Ajudante de pedreiro
Mãos calejadas
INCHADA

DESESTABILIZADA

Trabalha
DOR(a)

Desaloja
Desinfecta
Toda proximidade do cartão postal,
Partiu,
Jatobá!

(REU)rbanizar

Marginaliza
Desapropria
Quem levanta o paredão

Colisão

Tráfego
Tráfico

Feminicídios
Etnocídio
Extermínio das juventudes

Os filhos da donzela não envelhecem.

Mas lá do alto,
O pai,
NES(s)A
Estrutura de poder
Cada vez mais rico,
Cada vez mais seguro
IMPONDO SEUS DESEJOS.

Não olha mais pra donzela,
Sofrida
Não é mais tão bela,
Ele sacia-se na prostituição
Tem cash para ser
Chush
Em qualquer lugar

A donzela de outrora
É um corpo doente
Saqueada.
De futuro roubado,
Desempregada,
Hoje não almoçou,

E vive sem energia elétrica em casa.

quinta-feira, 6 de julho de 2017

O amor é uma construção...


Para minha companheira, Aline Pereira Vitoriano, que não deixa a poesia fugir de minha existência.


Amor,
Amanheci movido por muito mais esperança
Caminhamos um percurso tão breve
Mas de intenso conhecimento e entrega
Hoje sei um pouco mais de você 
É um tanto mais de mim

Já vimos
Que se a paixão é um incêndio
O amor é uma construção com pedra bruta criando forma a cada dia

E o nosso amor é erguido em pedra embebida com carbeto de cálcio 

Nosso pequeno castelo já não está somente no alicerce
Já vejo nas paredes as flores do nosso jardim enramando e dando beleza natural à nossa união

Flor de poesia,
Amanheci mais esperançoso porque bailamos numa poética visceral cadenciada pelo ópio do amor

Os tempos que virão
Sonho está ao seu lado
Caminhando de pés descalços na areia recitando Drummond, Neruda... Ao seu  ouvindo

Te amo
Porque te amo

E de tudo ao meu amor serei atento.