sexta-feira, 25 de julho de 2014

A Proposta

A proposta é não ter medo,
Não sentir vergonha do corpo que tens
Ter pulso pra se emancipar
Mostrar que o machismo é violência também.

Por que diabos é o homem quem manda,
Se a mulher faz parte da mesma construção?

Quem inventou `a mulher sensível`
Como um ser natural?
E, se é sexo frágil,
Então como se explica uma dupla jornada de trabalho sem descanso semanal?

Enquanto o homem descansa
A mulher carrega pedras,
É o cárcere da divisão sexual.

A proposta por hoje
É tomar banho no rio,
Nua, 
Sob o luar.

Não é indecência,
Tão pouco sacanagem
É transgressão!
Contra as regras incontestáveis
Que reza a mulher obediente.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Ilusão Real

Esse pão e circo
Virou babilônia
E é causa da insônia
Dos donos das mansões.

Não temos teto
Nem almoço
E o impávido colosso
Um lapso de nossa união.

Nesse sistema de farsas
Cheio de golpes e trapaças
O que é real
É a ilusão.

Mas a praça é das tribos
Cada uma a seu jeito
Vai pregando outra via
Caminhando em contra-mão.

Por que caminhar contra a mão que assassina
É a única sina
De quem deseja viver.

terça-feira, 22 de julho de 2014

A Poesia Prevalece! Um ano de Sarau Marginal!

Por Vitoriano Bill

“Os saraus tiveram que invadir as praças
Por que biblioteca não era lugar de poesia
Biblioteca tinha de ter silêncio
E uma gente que se acha assim muito sabida.
(Criolo-Adaptada)

Com o título A Poesia Prevalece! Um ano de Sarau Marginal! O Coletivo de Poetas Marginais de Altamira comemora seu primeiro aniversário.
O Coletivo foi criado em 2013 na efervescência das manifestações populares de Junho, mas realizou seu primeiro evento em 05 de Julho. Intitulado de 1º Encontro de Poetas Marginais, o sarau foi feito na calçada na frente da casa de um dos poetas integrantes do grupo, Moisés Ribeiro. Naquele momento ímpar pra seus idealizadores o Encontro contava com a presença principalmente dos amigos dos organizadores.
Walcyr Monteiro, renomado escritor paraense, também participou deste momento. Abrilhantou a noite com suas poesias e contando o contexto em que cada uma fora escrito. Walcyr Monteiro também participaria do 3º Sarau de Poesias Marginais, tendo como temática a Transamazônica. Walcyr foi de uma humildade imensa por emprestar seu nome e talento pra dá notoriedade ao Coletivo e fortalecer a literatura local.
Nesse um ano de atividades foi realizado dez eventos poéticos, com os mais diversos temas, dentre os quais lembramos o martírio de Irmã Dorothy, aniversário da Revolução Cubana, Rio Xingu, Dia da Mulher, Dia do Trabalhador, as Marchas de Junho. Além disso passamos por diversos lugares como a Praça da Cultura, Praça do Matias, Rua 8 no Bairro Boa Esperança, No Parque de Exposição quando tinha famílias alojadas por conta das cheias do Xingu, Bela Vista e no ponto que escolhemos como referência pra nossos saraus, a Praça da Paz.
O Coletivo em parceria com o MAB (Movimento dos Atingidos Por Barragens) e a Faculdade de Etnodiversidade promoveu também um debate sobre os 50 anos do Golpe Militar no Brasil.
Mesmo com pouco tempo de história, é uma trajetória percorrida que merece ser celebrada pois é feita com muitas mãos, muitas letras (com ou sem rima, mas com muita paixão) e bastante suor.
Se de início, entre um bloco de poesia e outra ligávamos o som pra tocar umas músicas, logo depois tivemos a adesão de Jeferson Braga e Bruninha Teles na voz e violão. Alguns saraus depois convidamos a Banda Sarcasmo Social, que com um rock ao mesmo estilo das poesias (contestação social) fazem o público cantar e pular. E sempre tem espaço pra um músico se apresentar mesmo sem está programado, afinal o sarau não tem uma programação fechada, só é planejado a abertura.
E o que falar das Poesias? Elas vêm de todos os jeitos, lados, e vozes.
O Sarau de Poesias Marginais não é feito por gente ‘sabida’, mas por pessoas que gostam de poesia. No ambiente do sarau tem os livros, o varal de poesia pra quem quiser pegar uma ler. Tem o microfone que é livre, está lá pra quem quiser fazer uso, ainda que seja apenas pra falar de como foi o seu dia. E tem muita gente boa pra bater um papo e descontrair.

Se


você ainda não teve a chance de participar de um sarau marginal, o próximo já é sexta-feira (25/07) às 19h30 na Praça da Paz (Av. Djalma Dutra, ao lado da New Rock). Sua presença é importante pra cena da arte local.

domingo, 20 de julho de 2014

Poesia Que Não Sei

Por diversas vezes me pego duvidando 
Dos versos que escrevo.
Como consigo tirar poesia do por-do-sol
Do voo do pássaro
Da lua cheia
D`uma noite no motel
Ou de uma aventura num bordel
De conflito social
Até de uma cena de caos,
Se eu não consigo extrair poesia
Da poesia
Do corpo dela que é sedução?

quinta-feira, 10 de julho de 2014

O beijo da moça

O beijo da moça é multicolor
Um arco-íris libertário
Que contemplo de olhos fechados
Como o céu em fim de tarde no campo.
O corpo dela,
Brisa mansa matinal,
Tão lindo,
Desejável
E também fogo
Tarde de agosto
Queimando a pela as 15 horas.
Fico bobo
Quando num intervalo do beijo
Os olhos dela cruzam com os meus
E brinda aquele instante
Com um sorriso precioso
Digno de uma canção popular.